Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

Fevereiro chegou e trouxe com ele o terceiro reajuste no preço da gasolina e o segundo aumento no preço do diesel e do gás de cozinha praticado pelo governo Bolsonaro este ano. O governo decidiu manter a política de preços, que tem como referência os preços de paridade de importação, acompanhando as variações do valor dos produtos no mercado internacional, e da taxa de câmbio do dólar.

Como o câmbio do dólar vem subindo, o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha só aumenta. Essa situação poderia ser diferente, mas Bolsonaro optou por aplicar uma política que favorece às multinacionais. Além de atrelar o preço do combustível ao dólar, quer privatizar as refinarias da Petrobras, que são capazes de processar a maior parte dos combustíveis usados em nosso país; o que, por consequência, poderia garantir preços mais baixos para o consumidor.

Venda da Petrobras

Bolsonaro e sua equipe econômica privatista estão entregando a Petrobras às multinacionais. No dia 8 de fevereiro, a estatal emitiu um comunicado ao mercado financeiro anunciando a venda da Refinaria Landulpho Alves-Mataripe (RLAM), localizada na Bahia. O fundo soberano de investimento dos Emirados Árabes, Mubadala Capital, agora será o dono da segunda maior refinaria do país, que foi entregue a US$ 1,65 bilhão. De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), esse valor é menos da metade do projetado só para a refinaria. No mesmo pacote, foram entregues os terminais de Madre de Deus, Itabuna, Jequié e Candeias e quase 700 quilômetros de oleodutos.

Isso é um crime, pois o grosso das vendas e dos lucros da Petrobras se origina no refino e na comercialização dos combustíveis. São justamente as áreas que estão sendo vendidas para as multinacionais.

O objetivo do governo é transformar a Petrobrás, que é uma empresa integrada do poço ao posto e domina todo o circuito produtivo do petróleo, numa empresa exportadora de óleo cru e importadora de derivados. O plano é vender cerca de 70% de toda riqueza do pré-sal brasileiro, oito refinarias, todos os campos de petróleo de terra e águas rasas, além de abandonar o Norte-Nordeste, o que já vem acontecendo.

TRABALHADOR PAGA A CONTA

Preço do gás de cozinha dispara e vira artigo de luxo

O consumo do gás de cozinha aumentou durante a pandemia do coronavírus. Neste período, o preço não para de subir. O novo reajuste de 5,1% se dá um mês depois do reajuste de 6%, que aconteceu logo na primeira semana de janeiro de 2021.

A justificativa é a mesma: instabilidade do mercado internacional de petróleo. Por causa desse cenário de variação, doze aumentos já ocorreram desde maio do ano passado. Alguns com intervalo inferior a trinta dias.

Quem paga a conta dessa política desastrosa de Bolsonaro é o trabalhador. Na Paraíba, quem estava comprando à vista por R$ 85 agora vai pagar R$ 90 pelo produto. Na compra a prazo, o preço final deverá variar entre R$ 92 e R$ 95. Em Mato Grosso, o botijão já é vendido a até R$ 105. Em São Paulo, o preço chega a mais de R$ 90.

No primeiro ano do governo, Paulo Guedes, mentia de forma descarada ao dizer que o preço do botijão de gás cairia pela metade. Em junho de 2019, quando fez uma das declarações, o valor médio do botijão chegava a R$ 69,24 segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Metade daria cerca de R$ 35. Mas como estamos vendo, a realidade é outra.

A política de Bolsonaro de atrelar o reajuste do preço do gás de cozinha ao dólar tem transformado um item básico em artigo de luxo. Segundo a Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, a tendência é que o preço do botijão atinja de R$ 150 a R$ 200 este ano.

Quem sofre com isso é o povo pobre, o trabalhador assalariado, que já sente o aumento dos preços dos produtos básicos da cesta básica, como o arroz e o feijão, que padece com o aumento do desemprego, a precarização do trabalho e a redução da renda familiar, com o fim do auxílio emergencial.

SAÍDA

Defender a Petrobras 100% estatal

A luta contra o aumento do preço do gás de cozinha e dos combustíveis tem de ser acompanhada pela defesa da Petrobras 100% pública e estatal, controlada pelos trabalhadores. Só assim teremos uma empresa que vai atender às necessidades da população brasileira e não os interesses do mercado capitalista e das multinacionais parasitas que sugam e roubam nossas riquezas.

A Petrobras é uma empresa de grande importância para nosso país. Sozinha, ela é responsável por 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e todo o ramo do petróleo chega a 13% de toda a riqueza criada no Brasil.

É preciso derrotar este governo e sua política privatista.

Em defesa da Petrobras 100% estatal e pública, sob o controle dos trabalhadores!