2º Congresso da Anel vai reunir mais de dois mil estudantes em Juiz de Fora (MG). Serão quatro dias de intensos debates sobre a realidade brasileira e as próximas lutas dos estudantes do país

Delegações de todo o país se preparam para pegar a estrada a caminho de Juiz de Fora (MG), onde ocorrerá o 2º Congresso da Assembleia Nacional de Estudantes. Os ativistas se desdobram em campanhas financeiras, organização dos ônibus e intervenção nas lutas que estão acontecendo pelo Brasil. O cansaço de todos é superado pela certeza de estarmos construindo uma entidade estudantil capaz de coordenar as mobilizações da juventude brasileira em defesa do nosso direito ao futuro.
A Juventude do PSTU esteve, desde o primeiro momento, engajada na tarefa de unificar o movimento estudantil. Temos a certeza de termos feito avançar muito a construção de uma entidade estudantil nacional, democrática, independente e que faça oposição de esquerda ao governo federal.
Nesta edição, apresentamos nossas opiniões sobre as lições e as perspectivas do rico processo de reorganização do movimento estudantil nacional.

A eleição que mudou  o movimento estudantil
A vitória de Lula, em 2002, mudou completamente o cenário político nacional. Os principais partidos da esquerda brasileira, PT e PCdoB, passaram a governar o país ao lado de empresários e políticos corruptos. Esse processo levou, também, as direções das principais organizações da classe trabalhadora ao governo. O marxismo classifica esse tipo de governo de Frente Popular, que une trabalhadores e patrões e transforma antigos dirigentes operários em gestores dos negócios da burguesia.
Esse tipo de governo engana os trabalhadores, porque estes, vendo seus representantes tradicionais no poder, acreditam que o governo é seu, não do inimigo de classe. Dessa forma, a burguesia consegue atacar com mais facilidade os direitos do povo. Para concretizar seus planos, a classe dominante necessita do apoio e da colaboração das direções traidoras do movimento, que vão tentar convencer as massas de que os ataques do governo são, na verdade, melhorias na vida da população.
No Brasil, CUT, Força Sindical e UNE cumprem esse papel. A União Nacional dos Estudantes (UNE) não é apenas uma entidade estudantil burocrática: é a correia de transmissão do projeto político da burguesia e do governo no movimento estudantil. Exemplos não faltam. No último mês, a velha entidade deu duas demonstrações inquestionáveis dos seus serviços ao governo federal e ao grande capital.
A primeira foi a comemoração da aprovação do Estatuto da Juventude, que, entre outras maldades, restringe a meia-entrada nos eventos culturais e restaura o monopólio da venda de carteirinhas pela UNE. A velha entidade está entregando nosso direito à cultura em troca de recuperar seu controle de venda das carteirinhas. Enquanto os empresários do entretenimento e a UNE saem lucrando com o Estatuto da Juventude, os jovens ficam cada vez mais longe de cinemas, teatro, museus, shows etc.
A segunda foi quando a UNE se calou diante da privatização do petróleo do país através da 11º rodada de leilões realizada no dia 14 de maio (leia pgs. 8 e 9). A UNE é cúmplice diante da entrega do nosso petróleo e tenta persuadir os estudantes a aceitarem isso em troca do investimento de 100% dos royalties do petróleo, uma quantia irrisória, na educação.
O papel da velha entidade é convencer os estudantes da propaganda estatal. É fazer a juventude acreditar que os ataques à educação e aos direitos sociais são conquistas. A UNE quer, agora, nos fazer acreditar que a restrição da meia-entrada é a consolidação dos direitos da juventude brasileira e que o resultado da privatização do petróleo será mais investimento na área da educação. Ou seja, a UNE virou um instrumento da garantia da popularidade e da governabilidade do PT.
 

Post author Vinícius Zaparoli, da Secretaria Nacional de Juventude do PSTU
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