A 11ª Parada do Orgulho Gay e Lésbico de São Paulo, realizada no dia 10, reuniu cerca de três milhões de pessoas segundo a organização. Foi a maior parada do mundo até o momento e abriu o calendário de eventos pelo país, cujo lema, este ano, é “Contra o racismo, o machismo e a homofobia”.

A grande imprensa destacou os altos lucros do setor de turismo, e os “novos guetos gays”, ou seja, “liberados”, mas inacessíveis para uma ampla maioria dos homossexuais, tiveram programação especial para o evento.

A Parada, que poderia ser palco para denunciar que a maioria dos homossexuais vive num mundo muito diferente daqueles que circulam por corredores de hotéis e lugares da moda, foi ainda mais “carnavalizada” do que as anteriores. A Associação da Parada privilegia “parcerias” com empresas de serviços e produtos voltados para o público gay, com a prefeitura, ONGs, governo estadual, ministérios e, a partir deste ano, empresas “patrocinadoras”.

Obviamente, como o principal interesse é aumentar os lucros, não há como manter o conteúdo político e reivindicativo das origens da parada. Não há mais discursos nos carros de som que, em sua maioria, são trios elétricos de casas noturnas.

Essa lógica só reforça a mercantilização da luta contra a opressão. A violência e o preconceito que sofremos no dia-a-dia impedem que nos expressemos publicamente. Os poucos espaços que conquistamos com nossas lutas têm sido privatizados, permitindo o acesso somente àqueles que podem pagar.

Enquanto isso, ONGs e governo festejam os “avanços da cidadania” para gays e lésbicas, isto é, o “direito” de consumir e virar mercadoria. É preciso denunciar essa hipocrisia de Lula e seus aliados, como Marta Suplicy, a pelega CUT e os setores do movimento que, ao mesmo tempo em que esvaziam nossas lutas, armam palanque para receber Bush e o papa, inimigos dos homossexuais.

Contra tudo isso, o PSTU, apesar de criticar a despolitização da Parada, organizou uma coluna com a Conlutas, carregando faixas, bandeiras e cartazes com eixos pela unidade entre oprimidos e explorados na luta contra o governo Lula e o capitalismo.

Estamos certos de que a burguesia, que se beneficia da opressão, não tem interesse em levar adiante a luta dos homossexuais, principalmente daqueles que não podem consumir seus serviços. A única forma de luta conseqüente contra a opressão é anticapitalista.

Por isso, estaremos em todas as Paradas, país afora, sempre defendendo a unidade entre mulheres, gays, lésbicas, negros e negras, nos marcos da luta dos trabalhadores, contra a opressão e a exploração, para construir uma sociedade socialista, na qual seja possível acabar em definitivo com o preconceito. Essa é a bandeira que nos une.
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