“Negros senhores na América a serviço do capital não são meus irmãos”
Solano Trindade

O Quilombo de Palmares deixou uma importante lição: não depositar confiança em nossos exploradores. Os versos de Solano Trindade, cujo centenário é comemorado este ano, também reforça este duro, mas importante ensinamento. O poema mostra que não devemos ter ilusões em negros a serviço dos capitalistas.

Hoje, negros e demais trabalhadores em todo o mundo festejam a vitória do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama pelo, Partido Democrata. Não há dúvidas de que a eleição do primeiro negro à presidência da mais poderosa nação do mundo tem enorme impacto, principalmente entre a população negra.

Nos EUA, o impacto se dá, sobretudo, pela história da própria nação construída com a mão-de-obra dos escravos africanos. Há pouco mais de 40 anos, ocorriam as extraordinárias lutas pelos direitos civis lideradas por Martin Luther King, Malcolm X, Panteras Negras, entre outros, que terminaram com a segregação, mas não com o racismo.

Mas Obama não está do nosso lado. É um representante da grande burguesia, mesmo tendo a pele negra. Não sofre a dureza que a maioria da população negra enfrenta no dia-a-dia. Não sofre a discriminação, violência e a falta de oportunidades que vive, cotidianamente, a maioria dos jovens negros norte-americanos.

Obama está longe de sofrer a repressão contra os negros e negras do Haiti, cometida por uma ocupação militar apoiada pelo imperialismo norte-americano. Alguém acredita que Obama vai pedir para que se retirem as tropas do Haiti e cessem os assassinatos da população negra?

Capitalismo e racismo
O racismo é um mecanismo fundamental para garantir a superexploração capitalista. Os salários e direitos trabalhistas dos negros e negras são inferiores e temos mais desempregados entre os negros que entre os brancos. Tudo isso serve aos capitalistas para rebaixar a média salarial do conjunto da classe trabalhadora e aumentar seus lucros. A opressão é um dos mecanismos da exploração. Isso confirma a conhecida frase do líder negro Malcom X: “Não há capitalismo sem racismo”.

Obama não tem nada a ver com os reais interesses dos explorados e oprimidos norte-americanos e do mundo. O novo presidente é um político burguês, sua campanha foi financiada pelos principais capitalistas ianques.

Na presidência dos EUA, ele vai contribuir para a exploração de outros negros e manter a opressão imperialista. Seus assessores são velhos quadros do imperialismo que já trabalharam para outros presidentes, inclusive Bush. Como disse um trabalhador, “o presidente é negro, mas a Casa continua Branca”.

Consideramos justo o sentimento de milhões de negros e negras dos EUA e do mundo, mas a eleição de Obama não significa um passo real na luta para acabar com o racismo e a exploração. Pelo contrário. Nós afirmamos que, com a crise econômica, a situação para o povo negro vai ficar ainda pior, mesmo tendo um negro na presidência.

Os trabalhadores negros e negras sentirão com mais força a crise econômica e seus efeitos. E o racismo será uma arma do capital para explorar milhões.

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