Brasília- DF. 10-07-2019-Sessão que aprovou a reforma da previdência. Foto Lula Marques
Redação

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A Câmara dos Deputados sob o comando de Rodrigo Maia (DEM-RJ) aprovou em 1º turno, na noite desta quarta-feira, a reforma da Previdência do governo Bolsonaro, por 379 votos contra 131. Foram 71 votos a mais do que o necessário. Ainda precisa ir à votação em 2º turno na própria Câmara antes de seguir ao Senado, onde também precisa ser votado em dois turnos.

Esse projeto de reforma da Previdência de Bolsonaro, Paulo Guedes, Rodrigo Maia e do Congresso Nacional representa um ataque brutal às aposentadorias dos trabalhadores mais pobres. Além de estabelecer idade mínima (65 anos para homens e 62 anos para mulheres), e acabar com a aposentadoria por tempo de contribuição, ela muda as regras de cálculo dos benefícios jogando para baixo as aposentadorias. Mais de 80% do que vai “economizar” virá do Regime Geral da Previdência, ou seja, de quem paga o INSS e cuja aposentadoria dificilmente passa dos R$ 2 mil.

Há a possibilidade de que essa reforma seja ainda mais piorada no Senado, com a inclusão de estados e municípios.

Mercenários contra sua aposentadoria
Para aprovar a reforma, o governo Bolsonaro prometeu R$ 40 milhões em emendas a cada parlamentar que votar “sim” pelo fim das aposentadorias. Metade agora, outra parte após a aprovação. Só na véspera da votação, foi empenhado R$ 1 bilhão.

Foi tanto dinheiro que o governo vai ter que enviar um projeto de lei para ter “crédito suplementar” a fim de pagar os deputados, uma “pedalada” de Bolsonaro para cobrir a compra de deputados. Um verdadeiro feirão onde predominou o velho toma-lá-dá entre o Congresso e Bolsonaro, além do lobbie de empresários e banqueiros, os verdadeiros patrocinadores dessa reforma.

Deputados comemoram fim das aposentadorias: 1 bilhão em emendas na véspera

Imprensa cúmplice
Além da compra de deputados, o governo investiu pesado numa campanha de desinformação e fake news, a fim de passar a ideia de que a reforma não atinge os pobres, combate desigualdades e  ainda vai gerar emprego e crescimento. Justamente o que diziam da reforma trabalhista, e cujo resultado foi o exato oposto.

A grande imprensa, por sua vez, deu sua valiosa contribuição à campanha de Bolsonaro, com uma cobertura massiva e manipuladora. Quem acompanha a rede Globo, por exemplo, só pode chegar à conclusão de que a reforma é boa. O ponto sobre a redução drástica das aposentadorias dos mais pobres do INSS, por exemplo, é simplesmente omitido. É como se a única mudança da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) fosse a idade mínima. Além disso, ajudaram a propagar a chantagem de que, sem a reforma, o Brasil quebraria, e ganharam parte da população para esse mito.

A compra de votos, por sua vez, não só foi normalizada, como cobrada pelos grandes veículos de comunicação a fim de garantir a aprovação da reforma. Mostra que bandido bom, para a grande imprensa e a burguesia, é bandido que trabalha para eles, e que a luta contra a corrupção é tão seletiva quanto a praticada por Sérgio Moro.

Rodrigo Maia se emociona com o fim da Previdência pública. Foto Lula Marques

A luta não terminou
O resultado desta quarta-feira mostra ainda que o caminho da negociação e do acordão por dentro do Congresso, estratégia adotada pelas direções das grandes centrais sindicais, é o caminho para a derrota. Já havíamos visto isso em 2017, com a aprovação da reforma trabalhista no governo Temer, e agora a história vem se repetindo.

Mostra também que, ao contrário do que tentam fazer crer os partidos ditos de oposição, a derrota de um ataque desses não pode ser conseguido por dentro do parlamento. Além do PDT e o PSB, que entregaram 19 votos a Maia e Bolsonaro, os governadores do PT e PCdoB atuaram durante todo o ano pela reforma, e ainda trabalham ativamente para que estados e municípios sejam incluídos na PEC.

A luta não terminou. A reforma ainda precisa percorrer um tramite antes de chegar na mesa de Bolsonaro. Mas já vimos que desse Congresso só podemos esperar mais ataques e crueldade contra o povo e os trabalhadores. É hora de ir às ruas, e se mobilizar para derrotar esse projeto.