Marcha da Conlutas supera ato governista. No encerramento, José Maria de Almeida, o Zé Maria, do PSTU, afirma: “É preciso pôr todos pra fora. Fora todos! Fora o PT, o PSDB, o PFL, o Congresso e o governo. São todos iguais”. Organizadores da Marcha prometePor volta das 14h, enquanto escutavam as últimas falas na marcha em Brasília, muitos eram os ativistas que comentavam o quanto valeu a pena fazer todo tipo de esforço para se deslocar para a capital do país.

Além dos milhares que viajaram para Brasília de todos os cantos do país, a Marcha ganhou a adesão de muita gente da própria capital e não parou de crescer durante o percurso entre a Catedral e o Congresso, também com a chegada de ônibus que se atrasaram para o início da passeata. Ao final, enquanto a PM calculava 18 mil participantes, órgãos da imprensa, como “O Dia On Line”, falava em 20 mil e os organizadores estimavam a participação em 30 mil pessoas.

Estimativas à parte, uma coisa ninguém poderá contestar: a Marcha bateu em muito, o ato “pró-Lula” realizado ontem, também em Brasília.

A sensação de “dever cumprido” só era menor do que a certeza de ter participado de um ato histórico, em vários sentidos. Um sentimento ressaltado por Dirceu Travesso, dirigente da Oposição Bancária e do PSTU: “O que fizemos aqui, certamente, irá entrar para a história. Realizamos, pela primeira vez, uma manifestação maior do que a que foi convocada pelas entidades tradicionais do movimento, a CUT e a UNE, em particular. Isto demonstra o quanto a opção governista destas organizações as distanciaram dos movimentos sindical, estudantil e popular. Todos nós estamos de parabéns, mas também temos que ter consciência de que nossa responsabilidade, daqui por diante, é gigantescamente maior”.

Entre os ativistas e membros das muitas organizações que participaram da marcha, os militantes do PSTU demonstravam uma satisfação especial, não só porque o partido formava a indiscutível maioria do ato, mas também porque contribuiu em muito para dar um colorido especial da marcha, com bonecos gigantes, fantasias e as muitas faixas trazidas de todo os cantos do país.

Fora todos!
Falando no encerramento, Zé Maria, da coordenação da Conlutas e presidente nacional do PSTU, destacou a importância da construção de um terceiro pólo diante da crise: “Não aceitamos que os trabalhadores e a juventude do país sejam confundidos com esta oposição de mentirinha, formada pela direita, o PSDB e o PFL (…). Não é deste Congresso corrupto ou das eleições desta democracia dos ricos que sairá uma verdadeira alternativa para o país. É preciso pôr todos pra fora, porque PT, PSDB, PFL, o Congresso e o governo são todos iguais”.

Zé Maria também denunciou a vergonhosa tentativa de manobra do governo e seus aliados, que tentaram caracterizar a marcha como uma “aliança golpista com a direita”. Para ele, “golpe é o que Lula e as elites deste país estão aplicando contra os trabalhadores e o povo”.

“A alternativa para país vai surgir da mobilização juvenil, operária e popular”
No final de sua fala, Zé Maria apontou para a única saída possível para a profunda crise em que o país se encontra: “A alternativa que precisamos construir para mudar o país é a da classe trabalhadora, surgida num amplo processo de mobilização operária, popular e juvenil”.

Uma alternativa que, ainda nas palavras de Zé Maria, exige uma imediata tomada de posição daqueles que ainda se encontram vinculados às entidades que realizaram o fracassado ato de ontem: “Valorizamos os companheiros da esquerda da CUT e da UNE que estiveram presentes na marcha contra o governo e a corrupção, mas não podemos deixar de fazer o chamado: já passou da hora de romper com a CUT e construir uma alternativa dos trabalhadores”.

Encontro da Conlutas irá discutir continuidade da mobilização
Enquanto Zé Maria discursava, os manifestantes queimaram um boneco representando o presidente Lula e muitos discutiam como ampliar e dar continuidade à luta. Uma tarefa que, para muitos, terá início já no dia de amanhã, quando ocorrerá o II Encontro Nacional da Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas.

Luis Carlos Prates, o Mancha, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ao final do ato, conclamou os ativistas a permanecerem em Brasília para a reunião, “o esforço para ficar mais um dia aqui é grande, mas é fundamental. Neste encontro iremos discutir não só a continuidade da mobilização nos estados, mas também iremos debater a organização de um grande congresso, em abril de 2007, que possa apontar para uma alternativa para os trabalhadores, a juventude e todos os setores do movimento popular“.