Projeto do presidente da Câmara de Natal pretendia homenagear o bispo e ex-deputado federal, Robson Rodovalho, que teve seu mandato marcado por ataques aos direitos dos homossexuais.

O mandato da vereadora Amanda Gurgel (PSTU) mostrou que não vai tolerar nenhuma forma de opressão nem qualquer tipo de apologia ao preconceito. Prova disso foi o que aconteceu na Câmara de Vereadores de Natal, entre os dias 19 e 21 de março.
O presidente da Casa, vereador Albert Dickson (PP), apresentou um projeto que concedia ao bispo e ex-deputado federal, Robson Rodovalho, o título de Cidadão Natalense. Eleito em 2006 pelo antigo PFL, o bispo Rodovalho fez campanha abertamente contra o PLC 122 (projeto que torna crime o preconceito contra homossexuais) e teve seu mandato marcado pela homofobia.
Quando a proposta foi apresentada pelo presidente da Câmara, no dia 19, a professora Amanda Gurgel foi a primeira no plenário a se manifestar contra a homenagem. “A Câmara não pode homenagear alguém que ataca os homossexuais e discorda que eles tenham seus direitos humanos reconhecidos. Não posso ser conivente com isso. Esse projeto é um retrocesso. Vai na contramão dos protestos que o país faz contra o também homofóbico deputado Feliciano.”, criticou a vereadora.
Acuado pelo mal estar que a proposta gerou, o autor do projeto ainda tentou justificar sua homenagem velada à homofobia, mas só piorou a situação. “A pessoa ser contra o casamento gay, por exemplo, não significa dizer que é contra os gays.”, chegou a dizer o presidente Albert Dickson, que também é evangélico. Diante do posicionamento contrário de outros vereadores e de um pedido de vistas do correligionário Rafael Motta (PP), a votação foi adiada. Entretanto, o adiamento não impediu que os protestos contra a homenagem fossem ainda maiores.
No dia 21, o movimento LGBT compareceu às galerias para protestar contra a aprovação do projeto. O grupo Atrevidas manifestou seu repúdio ao homofóbico bispo Rodovalho e exigiu a retirada da proposta de concessão do título de Cidadão Natalense. A sessão foi suspensa por 10 minutos, para que um representante dos manifestantes pudesse falar aos vereadores. Integrante da Comissão de Direitos Humanos, Trabalho e Minorias da Câmara de Natal, a vereadora Amanda Gurgel voltou a se posicionar contra a proposta e a criticar o projeto.
A professora do PSTU também expressou mais uma vez seu repúdio às declarações racistas, machistas e homofóbicas do deputado Marco Feliciano (PSC), eleito para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Num cartaz, Amanda escreveu: “Sou Amanda Gurgel, professora e vereadora do PSTU em Natal. Marco Feliciano e Robson Rodovalho não me representam!”.
Por causa do protesto dos ativistas LGBT, a votação foi novamente retirada de pauta. Entretanto, para a vereadora socialista, “é necessário manter a mobilização e a vigilância para consolidar a vitória”, destacou a professora.
 

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