No dia 30 de maio de 2010, após três dias de debates, foi criada a Federação Nacional dos Petroleiros,O local foi o auditório do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), berço histórico de lutas como a greve com ocupação da refinaria em 1995. “Neste domingo a atmosfera era de luta e de esperança. Petroleiros de todo Brasil reuniram esforços para consolidar o passo dado em 2006, quando criaram a Frente Nacional dos Petroleiros”.

O jornal do Sindipetro – LP noticiou o fato da seguinte maneira: “Além de ter como pilar de sua atuação a independência de classe, a nova Federação surge com a tarefa de combater a burocratização que degenerou entidades sindicais que outrora eram o reflexo da vontade dos trabalhadores, mas que hoje estão a serviço dos governos e patrões”.

UMA REFERÊNCIA NACIONAL
Talvez nem mesmo os delegados presentes no IV Congresso tenham a dimensão do ato que tomaram.

Como uma categoria operária de um setor essencial que hoje tem um papel estratégico na economia mundial, ainda mais depois das descobertas do pré-sal, por si só os petroleiros são observados pelo conjunto da classe. Agregue-se a isso seu histórico de luta e as lutas recentes de 2009.

Ano passado a categoria realizou duas greves nacionais, uma delas unificada com a FUP (Federação Única dos Petroleiros, ligada a CUT) e outra realizada pela FNP, além de uma série de paralisações durante todo ano tendo seu ponto alto na greve de uma semana da Replan em Campinas (SP).

Esta categoria que é uma referência nacional decidiu dar mais um passo à frente.
Rompeu com a direção governista da FUP em 2006, organizou uma frente de sindicatos e agora funda uma federação nacional consolidando e deixando claro que é possível construir uma alternativa de direção classista e combativa a nível nacional.
Certamente, um exemplo a ser seguido pelos trabalhadores dos Correios, Bancários e outros trabalhadores que tem suas lutas constantemente traídas e abortadas por suas direções nacionais, absolutamente comprometidas com a defesa dos planos econômicos do governo federal.

FEDERAÇÃO COM MUITOS INIMIGOS…
A nova federação nasce com muitos inimigos. Em primeiro lugar pelo governo federal e a direção da empresa que farão de tudo para destruir este embrião de direção alternativa.

A FNP já hoje é um empecilho para o governo Lula passar sem contradições suas propostas de novo marco regulatório da produção de petróleo, onde mantêm a entrega do petróleo nacional do pré-sal as multinacionais imperialistas.
Isso por que é a única entidade nacional que mantém uma campanha sistemática de denúncia deste projeto.

É ela também a única entidade nacional que denuncia a privatização dos campos chamados “maduros” existentes no Norte, Nordeste e Espírito Santo, propostas pelos dirigentes do PCdoB, Haroldo Lima (presidente da Agência Nacional de Petróleo) e Inácio Arruda.

É a FNP que de fato se enfrenta com as propostas econômicas rebaixadas apresentas pela direção da empresa, que retiram direitos e precarizam as condições de trabalho.
Exatamente por isso a FUP a difamará a FNP e tentará desmoralizá-la, lançando uma campanha de calúnias contra a nova entidade e seus dirigentes.
A FUP é hoje o instrumento e o principal agente do governo federal e da direção da empresa no meio dos trabalhadores.

Ele mente e tenta enganar a classe, mas em última instância sempre acaba defendendo as propostas da empresa e do governo Lula. Sua capitulação chegou a tal ponto que a candidata a presidência pelo PT, Dilma Rousseff, foi convidada a sua II Plenfup uma das estâncias nacionais da entidade. Ela foi recebida efusivamente.

…MAS TAMBÉM MUITOS AMIGOS
Mas nesta luta, em defesa dos trabalhadores, a FNP também terá aliados e não serão poucos.

Seus aliados são entidades nacionais como a Conlutas – Intersindical fundada no último final de semana, e que tem a mesma base política e programática da FNP.
Mas seus principais aliados estão na base da categoria; os trabalhadores do sistema petroleiro, sejam eles funcionários da Petrobras ou terceirizados. São eles que estão sendo super explorados para garantir os lucros dos grandes acionistas da Petrobras e das multinacionais que levam nossas riquezas petrolíferas. São eles que trabalham em péssimas condições sem quase nenhuma segurança. Condições que levam a acidentes e mortes, como o ocorrido na unidade da Petrobras de Furado, em Alagoas, que deixou 4 mortos. Para se ter uma idéia de 1995 até 2009, foram registrados 282 mortes de trabalhadores petroleiros, desses 227 eram terceirizados.

Não nos enganemos. Estes aliados não se encontram somente nas bases dos sindicatos da FNP. Também na base da FUP grandes setores se cansaram de suas direções traidoras, isso explica as oposições no Unificado de São Paulo, Caxias, Norte Fluminense, Salvador, Rio Grande do Norte e Betim.

Como também nas próprias diretorias da FUP, pois militantes do PCdoB e do PT não tem mais como defender a política entreguista de nossa soberania nacional e de direitos trabalhistas realizada pelo governo de frente popular.

A força da FNP esta na sua base ou na sua coerência programática, mas também neste processo de reorganização que ocorre pela base através da ruptura de trabalhadores, ativistas e dirigentes com os setores governistas.

A FNP é o novo e o futuro. Longa vida a nova federação, que tenha uma bela história de classismo e de luta em defesa dos direitos dos trabalhadores.
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