O governo colombiano de Álvaro Uribe, diretamente apoiado e orientado pelos Estados Unidos, invadiu o Equador numa operação militar para assassinar Raúl Reyez, um dos principais dirigentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Reyes e mais 16 guerrilheiros, segundo a imprensa, foram atingidos enquanto dormiam por bombardeios da aviação colombiana, seguidos por uma invasão terrestre e pelo assassinato da maioria dos que ainda sobreviviam.

Como reação, tanto o governo equatoriano quanto o venezuelano deslocaram tropas para as fronteiras com a Colômbia e retiraram seus embaixadores deste país. A ação do governo colombiano mostra as garras do imperialismo que deseja impor o direito de realizar ataques militares semelhantes aos promovidos por Israel contra as organizações palestinas nos países do Oriente Médio.

O chamado “Plano Colômbia” dos EUA, que inclui um financiamento de bilhões de dólares, busca derrotar a guerrilha das Farc e transformar o país numa fortaleza ianque na América Latina. O conjunto da esquerda latino-americana deve assumir categoricamente o repúdio a esse ataque militar do imperialismo e seu capacho Uribe. Diante deste ataque, também exigimos do governo Lula que rompa relações diplomáticas com a Colômbia de Uribe.

Mas uma posição revolucionária não deve parar nesse limite. É preciso transformar a reação a essa provocação em ação de massas que realmente busque unificar os trabalhadores latino-americanos, inclusive os trabalhadores colombianos, contra o imperialismo e seus governos no continente.

Para isso, é necessário que os governos Chávez e Rafael Correa não parem nos discursos, mas assumam posições antiimperialistas efetivas. Isso deve começar com a expropriação das multinacionais petroleiras que continuam explorando a Venezuela e o Equador em parceria com as estatais desses países. Não é possível que Chávez e Correa cheguem a falar na possibilidade de uma guerra, mas continuem bancando uma parceria com as multinacionais que promovem e apóiam a ação de Uribe. Junto com isso, é necessário parar de pagar a dívida externa que sangram a Venezuela e o Equador e financiam a operação na Colômbia.

Essa é a maneira de buscar a unidade com os trabalhadores colombianos que também são vítimas da exploração dessas multinacionais e dos grandes bancos. Não se pode deixar que Uribe capitalize o sentimento nacional colombiano contra os países vizinhos, quando está a serviço das grandes multinacionais.

Nós nos solidarizamos com as Farc pela morte de um de seus dirigentes. Defendemos as guerrilhas contra as agressões do imperialismo e do Estado burguês colombiano e somos também a favor que as Farc sejam reconhecidas como uma organização beligerante.

Mas isso não nos leva a compartilhar a estratégia das Farc. Em seu programa, a organização defende um governo de unidade nacional que inclui a burguesia e setores da direita na Colômbia. Não aponta para uma revolução socialista, mas para uma reforma do Estado e da democracia burguesa. Por outro lado, as Farc tampouco privilegiam a mobilização dos trabalhadores colombianos contra a burguesia, buscando substituir a luta de classes pela luta militar de dois exércitos. Trata-se de um programa reformista defendido com uma tática guerrilheira, um reformismo armado.

Esse é um debate a ser feito no conjunto da esquerda latino-americana em meio ao esforço conjunto do repúdio à ação assassina do governo Uribe.

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