A atual direção da categoria está na linha de frente pela aprovação das reformasOs bancários tiveram um papel fundamental na luta contra a ditadura. Nos anos 80, as chapas de oposição varreram os pelegos. No entanto, novamente as direções governistas se encontram encasteladas nos sindicatos de bancários. O atual ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, e Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação, são ex-diretores do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e refletem a adaptação e degeneração da atual direção da categoria.

  • São Paulo: retomar o sindicato
    Em São Paulo, a Oposição Bancária realiza um intenso trabalho de base para retomar o sindicato para a categoria enquanto a atual diretoria tem financiamento do governo e dos banqueiros para realizar uma campanha milionária. Na última greve nacional da categoria, a atual direção, que tinha um acordo com o governo e os banqueiros, fez de tudo para impedir a paralisação dos bancários. Foi a oposição que garantiu a greve desde a base.

    Outro aspecto que se perdeu nos últimos anos foi a tradição democrática do sindicato. As eleições ocorrem entre 14 e 17 de junho, e as chapas têm até 13 de maio para se inscreverem. “Vamos chamar todos os setores que defendem os direitos dos trabalhadores e estão contra as reformas Sindical e Trabalhista, que a atual direção defende, para conformar uma chapa de oposição para retomar o sindicato para os bancários”, afirma Dirceu Travesso, membro do Movimento Nacional de Oposição Bancária.

    A retomada do sindicato dos bancários teria uma importância similar à que teve a expulsão dos pelegos em fins dos anos 70. “Na época da intervenção da ditadura, um pelego que se chamava Chico Teixeira tinha o costume de desligar o microfone para impedir a oposição de falar. Na greve de 2004, essa direção que está aí fez a mesma coisa. Numa assembléia, eles desligaram o microfone para impedir a oposição e a base de falar”, lembra Travesso.

  • Bancários de Belo Horizonte
    Em Belo Horizonte, uma oportunidade de mudar essa realidade ocorre entre 30 de maio e 3 de junho, quando acontecem as eleições do sindicato. Disputam quatro chapas. A chapa 1 é dirigida pela CUT e Articulação. As chapas 2 e 3 têm representantes dos pelegos da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec) e da Federação dos Bancários. A única chapa que defende a total independência dos bancários contra o atrelamento ao governo é a chapa 4, formada pelo Movimento de Oposição Bancária.

    Segundo Sebastião Carlos Pereira, o Cacau, bancário do Itaú e candidato a presidente do Sindicato, “a chapa 4 aglutina o melhor da vanguarda que impulsionou a greve de 2004”. Cacau foi arbitrariamente afastado da direção da Confederação Nacional dos Bancários no ano passado por discordar do atrelamento da entidade ao governo e aos banqueiros. Segundo Cacau, a chapa agrega ainda bancários da Coordenação Nacional de Lutas, a “expressão do processo de reorganização dos trabalhadores brasileiros frente à degeneração da CUT”.

  • Rio de Janeiro: avançar na organização
    No estado do Rio de Janeiro, apesar das eleições para o sindicato só ocorrerem no primeiro semestre do ano que vem, a Oposição Bancária segue fazendo um trabalho de estruturação na base. “Estamos arrecadando finanças, através de uma campanha de bônus, para fazer um jornal da Oposição”, afirma Cyro Garcia.

    Post author
    Publication Date