Cleber em carreata de campanha

O Portal do PSTU conversou com o primeiro operário da construção civil eleito para a Câmara Municipal de Belém. Cleber Rabelo, ajudante de ferreiro, foi o terceiro candidato mais bem votado da coligação PSOL/PSTU, com 4.691 votos. A campanha de Cleber, com o financiamento exclusivo dos trabalhadores e sem nenhum cabo eleitoral pago, ganhou, no corpo a corpo, a consciência dos operários, dos ativistas do movimento popular , de homens e mulheres dos bairros periféricos de Belém. Eleito, já deu o seu recado: vai lutar pra acabar com as mordomias e privilégios dos vereadores, prefeito e vice-prefeito, e vai colocar o seu gabinete na rua, onde a luta dos trabalhadores estiver.

Qual avaliação que você faz da campanha?
Foi um trabalho extremamente positivo. Um trabalho levado pela militância do partido, uma militância aguerrida que, de manhã cedo, já estava fazendo campanha nas ruas, visitando os bairros, presentes nas caminhadas, passeatas e nas feiras. E em cada canto que chegamos, tivemos uma receptividade muito boa por parte dos trabalhadores. Uma campanha que nos enche de orgulho porque não teve nenhum cabo eleitoral pago, foi toda feita com o esforço da militância do partido e de vários ativistas, que não eram militantes do PSTU, mas vestiram a camisa do partido e fizeram campanha sem receber nenhum centavo pra conquistar essa vitória para os trabalhadores de Belém.

Você foi o primeiro operário da construção civil eleito para a Câmara Municipal de Belém. A quem você atribui esta vitória e o que ela significa para a cidade?
Essa vitória é atribuída a anos de trajetória do PSTU em Belém, forjada e construída nas lutas da classe trabalhadora. À nossa inserção no sindicato da construção civil e às lutas que travamos junto com a categoria na cidade, fazendo greve, mobilização, luta. Foi assim que os operários reconheceram o esforço e a militância do nosso partido e acharam que era importante ter um lutador como vereador para fortalecer as lutas da categoria, dos trabalhadores da cidade em geral, e também a luta por políticas públicas sociais que atendam os interesses dos trabalhadores, como moradia, saneamento, saúde, educação e transporte públicos. Enfim, os trabalhadores acreditaram que a nossa candidatura poderia apresentar projetos que beneficiem os trabalhadores e não os empresários e patrões. E, por isso, votaram na gente. Depois da apuração, inclusive, recebemos muitas ligações dos que votaram no PSTU, cumprimentando o partido e destacando a alegria de terem eleito um representante lutador da sua classe para a Câmara de Belém.

Esta eleição foi um fato histórico para a cidade. Agora, pela primeira vez, Belém tem um operário da construção civil, servente de ferreiro e socialista, com uma votação expressiva para a Câmara Municipal. Este mandato siginfica o fortalecimento da luta da categoria e dos trabalhadores. Um mandato que terá o seu gabinete nas lutas, seja dos trabalhadores da saúde, da edução, dos rodiviários, dos operários da construção civil.

Além dos canteiros de obra, foi no bairro popular de Terra Firme, nas Ilhas de Mosqueiro e Outeiro que você conquistou mais apoios para sua campanha. O que explica isso?
Explica-se pelo forte apoio que conquistamos dos operários da construção civil. É que são nos bairros periféricos que mora a maior parte da nossa categoria. E também pela nossa luta e inserção no movimento popular. Lideranças importantes do MST, companheiros como Silvinho que é uma importante liderança da luta por moradia em Belém, ativistas do assentamento Newton Miranda estiveram na linha de frente desta campanha. Então, essa base popular confiou em uma candidatura que colocará o seu mandato a serviço das suas lutas. Os bairros populares, assentamentos e os canteiros de obra foram onde a gente teve um peso maior de votação, porque os trabalhadores acreditaram que o nosso mandato é um ponto de apoio importante para as suas lutas.

Já tem algum projeto em mente para ser apresentado no legislativo de Belém?
Nós vamos discutir este mandato de forma coletiva com os trabalhadores. Pretendemos organizar um seminário para discutir junto com os trabalhadores quais projetos apresentar a partir das demandas de cada setor. De imediato, o que nós queremos apresentar como primeiro projeto, construído com abaixo–assinado nos bairros de Belém, é o da redução dos salários dos vereadores, do prefeito e do vice-prefeito. Queremos colocar um fim nas mordomias dos políticos e acabar com os privilégios para quem pouco faz pela população, que paga os impostos, mas não tem o direito à saúde, educação, moradia, transporte e lazer públicos garantidos. 99% dos candidatos a estes cargos são candidatos, na realidade, para melhorar a sua vida, melhorar o seu bolso e não para ser um representante do povo trabalhador e lutar pelos direitos da classe trabalhadora.

O que vai ser inesquecível nesta campanha?
Nós tivemos vários momentos importantes e emocionantes nesta campanha, reuniões nos bairros, em centros comunitários, assentamentos e fechamos a campanha com uma plenária muito bonita na sede do nosso partido. A plenária contou com a participação do nosso dirigente nacional, Zé Maria, e do grande líder seringueiro, que militou ao lado de Chico Mendes, Osmarino Amâncio. As mais de 400 pessoas que estavam presentes, no fechamento da campanha, estavam ali porque abraçaram a candidatura de Cleber Rabelo e o programa socialista e revolucionário do PSTU. Eram pessoas que acreditam no nosso projeto, que acreditam no PSTU. Pessoas que sabem que, para o nosso partido, as eleições não mudam a vida dos trabalhadores e que um mandato revolucionário no parlamento é um ponto de apoio para as lutas dos trabalhadores por mundo sem exploração e opressão, um mundo socialista.

Esta campanha eleitoral filiou mais de 400 operários ao nosso partido. Em uma única ocupação, a Newton Miranda, se filiaram 80 pessoas ao PSTU. Esta campanha significou a transformação de uma influência sindical para uma maior influência política, a divulgação de um projeto de esquerda que atenda as necessidades dos trabalhadores na perspectiva da construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista, invertendo a lógica do sistema capitalista de beneficiar os patrões, os empresários e os latifundiários.