Atentado teve motivação xenófoba e racista. USIH e CSP-Conlutas estão levantando informações sobre o crime e preparam reação

Na noite desse sábado, 1 de agosto, cinco imigrantes haitianos foram baleados em frente à Igreja do Glicério, no centro de São Paulo, onde atua a Missão Paz, entidade ligada à Pastoral do Migrante que oferece abrigo aos haitianos que chegam à cidade.

Segundo denúncia da USHI (União Social dos Imigrantes Haitianos), entidade filiada à CSP-Conlutas, por volta das 19h um carro passou em frente à igreja e um homem de dentro do veículo passou a insultar os haitianos, afirmando que eles estariam “roubando os empregos dos brasileiros“, e que deveriam “voltar pro país” deles, antes de efetuar vários disparos. Cinco haitianos foram baleados. Teria sido negado ainda atendimento médico adequado aos feridos e um deles morreu no pátio do hospital.

Ainda não se sabem os detalhes desse crime e nem a identidade das vítimas. A USIH e a CSP-Conlutas estão levantando essas informações para denunciar esse atentado de claro caráter racista e xenófobo.

Outro crime em Curitiba
A USIH ainda tem informações de que outro crime com essas mesmas características teria ocorrido em Curitiba, capital do Paraná. Segundo a associação, dois haitianos teriam sido atacados em plena rua por um homem armado. “Rouba nossos empregos e ainda anda com um celular bacana desses”, teria dito o homem antes de disparar contra os haitianos.


Igreja do Glicério, região central de São Paulo

Abaixo o racismo e xenofobia
A violência contra os imigrantes haitianos faz parte da situação de desamparo e vulnerabilidade a que estão submetidos os cerca de 70 mil haitianos que estão hoje no Brasil. A esmagadora maioria enfrenta uma situação de completa omissão e descaso por parte dos governos.

O Presidente Nacional do PSTU, Zé Maria, paricipou nesta segunda, 3, de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado, requerida pelo PSTU ao presidente da Comissão, senador Paulo Paim (PT). Na audiência, Zé Maria denunciou a situação dos imigrantes haitianos no país. “Já tivemos na história do Brasil 350 anos de escravidão, e tenho vergonha da situação dos imigrantes haitianos que chegam ao nosso país, e não só no Acre, mas em São Paulo, a cidade mais rica do país, as pessoas se revezando pra dormir no chão“, relatou, denunciando ainda a superexploração que os haitianos enfrentam quando são empregados por empresários em busca de mão de obra barata.

A USIH e a CSP-Conlutas estão levantando os detalhes dessas ocorrências e já preparam uma reação a esse crime bárbaro que não pode ficar impune. Uma manifestação contra o racismo e a xenofobia, denunciando os crimes e a situação dos imigrantes está sendo aventada.

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