Terremoto no país mata mil e mostra incapacidade do governoUm novo tremor de magnitude 6,9 atingiu a China no último dia 14. O terremoto atingiu a Província de Qinghai, no noroeste do país. A nova tragédia matou mais de mil pessoas e deixou 10 mil desabrigados. Além disso, o fenômeno fez ressurgir o fantasma da grande tragédia de Sichuan, terremoto que em 2008 devastou as regiões mais precárias do país, vitimando 90 mil pessoas.

Tragédias como essas expõe com toda a força outro lado da China, o lado mais pobre provocado pela restauração capitalista, bem diferente daquela vendido como “exemplo de prosperidade” de uma China apresentada como “modelo de desenvolvimento” capitalista.

Não é coincidência o fato de que novamente os mais pobres estejam entre aqueles que são retirados dramaticamente dos escombros empoeirados de escolas e casas.

A distante Província de Qinghai é parte da China rural onde a extrema pobreza é uma regra. Nela vivem 5,3 milhões de pessoas. Apesar de pobre, dispõe de importantes reservas de carvão, cobre e chumbo. Na região vivem chineses de várias etnias (especialmente os tibetanos) e, assim como a vizinha Sichuan, fornece mão de obra migrante para as grandes cidades do leste país, como Pequim e Xangai. Por trás do crescimento econômico chinês, escondem-se esses trabalhadores que fogem da pobreza no campo para viverem como escravos mal remunerados em canteiros de obras ou em fábricas que produzem produtos para exportação.

Repetição de uma tragédia
Assim como foi em 2008, o terremoto em Qinghai expõe a precariedade em que vivem seus habitantes. O descaso social e as precárias condições econômicas enfrentada pela população ampliaram as consequências dos desastres.

No ano passado, quando se completou um ano do terremoto de Sichuan, o governo da ditadura burocrática do PC anunciou uma lista de medidas para enfrentar catástrofes como essa. O novo terremoto, porém, mostrou que isso não passou de propaganda vazia.

No dia 15, escolas desabaram como castelos de cartas matando centenas de estudantes. O tremor de Sichuan já tinha mostrado a vulnerabilidade das escolas da região, quando pelo menos oito delas ruíram com o abalo sísmico. Descobriu-se depois que elas foram construídas com material de má qualidade e aplicação negligente dos códigos de construção vigentes. Agora em Qinghai a tragédia se repete, mas o governo nada fez para impedir o novo desastre.

Sob a férrea ditadura do PC, a restauração capitalista tem produzido uma nova burguesia endinheirada, que tira proveito do crescimento econômico chines através da corrupção ou diretamente associada á negócios das multinacionais. As frágeis construções mostram o “vale tudo” para a maximização dos lucros dessa nova burguesia ligada ao PC. Uma mãe em Dujiangyan expressou o sentimento geral da população sobre o fato: “Os funcionários são muito corruptos e malvados… Tem dinheiro para prostitutas e amantes, mas não para nossos filhos”, disse.

Os desastres naturais na China também revelam uma grave debilidade política do regime chinês. Terremotos e enchentes que atingem o país com freqüência poderão ter o potencial para provocar conflitos incendiários no país.