Terremoto e maremoto atingiram em cheio a população mais pobre

Os militares tomam o controle do sul do país. Leia a declaração conjunta, publicada no portal da Liga Internacional dos TrabalhadoresNa madrugada de 27 de fevereiro grande parte de nosso país foi açoitado por um terremoto, o tremor foi sentido desde Coquimbo pelo norte até Valdivia pelo sul; na zona central do país – Santiago a Concepción – teve características de terremoto; mas como sempre os mais atingidos foram as famílias dos trabalhadores e o povo.

De imediato o Governo saiu com declarações confusas e errôneas, afirmando que o terremoto não teve uma grande magnitude e, pior ainda, que não havia perigo de um tsunami no litoral de nosso país; a realidade encarregou-se de dizer tudo o contrário… houve tsunami e povoados inteiros do litoral das regiões de Libertador Bernardo O´Higgins, de Maule e de Bio-Bio desapareceram.

Novamente ficou em evidência a existência de dois o Chile, o dos ricos e poderosos que nada sofreram e o dos explorados e pobres que foram devastados pelo terremoto. Pior ainda, ficou claro que as políticas econômicas neoliberais são um fracasso. Nos povoados onde o investimento em saúde e educação não é rentável, as construções mais antigas desmoronaram. Mas não só aí se manifestou a ineficácia da “lei do mercado”, nas grandes cidades onde já não há fiscalização das construções (lei aprovada nos Governos da “Coalizão”), estas vieram abaixo ou estão em tal estado que deverão ser abandonadas para posteriormente serem demolidas, com seus moradores vendo o sonho da casa própria ser dissipado. Este terremoto também demoliu o modelo neoliberal, pois deixou em evidência que as zonas mais afetadas pela crise econômica e com os maiores índices de desemprego do país mostram os maiores níveis de desespero de seus habitantes para obter os elementos básicos de sobrevivência, como o são a água e os alimentos; isto ocorreu em Lota, Coronel, Talcahuano e Concepción.

São centenas de mortos e, é muito possível que as cifras se elevem além da casa dos mil, sem contar com os desaparecidos; enquanto Bachelet falava de uma irrisória cifra de cerca de 60 mortos. Se a ineficiência do Governo Bachelet se explicitou com uma simples divulgação de dados, a verdade é que esta ineficiência foi se aguçando com o correr das horas. A ajuda do governo central foi tardia e tivemos que sofrer não só com o terremoto, mas, além disso, com a falta de elementos básicos para a subsistência como água, alimentos, eletricidade, entre outros; e para piorar as comunicações se mantêm desconectadas desde o dia do terremoto.

A resposta do povo trabalhador
Ante a lentidão mostrada pelo Governo para enfrentar esta catástrofe, o povo pobre reagiu nas cidades mais afetadas, com o autoabastecimento e se organizaram para sair à procura de alimentos e dos elementos básicos para sobreviver nos grandes shoppings e supermercados, e a isto a autoridade e os meios de comunicação da burguesia chamaram de “saque”; nós justificamos plenamente estes “saques”, pois ante a carência de alimentos o mínimo é a sobrevivência; do que não participamos é do aproveitamento que fazem os lumpens para roubar, o que só faz com que a autoridade justifique com estas ações a repressão e a militarização das zonas atingidas. Enquanto hoje os meios de comunicação condenam o “saque”, estes calaram suas bocas durante anos e nunca denunciaram o saque do qual todos os chilenos fomos vítimas pelas empresas transnacionais e os patrões deste país, como o futuro Presidente Piñera.

Estes saquearam nossos recursos sob a vista e a resignação dos Governos da “Coalizão” e com seu total beneplácito.

O governo e a direita (próxima a ser governo) manifestaram que a solução dos problemas é a repressão, o toque de recolher e a limitação às liberdades individuais básicas, e decidiram mediante a legalidade da Constituição de Pinochet decretar o toque de recolher nas zonas atingidas e militarizá-las. Nós nos opomos taxativamente a esta situação, pois entendemos que não é a solução aos problemas acarretados pela catástrofe, a solução é ajuda imediata já!

Que fazer de imediato
Concordamos com os companheiros do Sindicato SITECO em sua declaração “… a todas as organizações sindicais e sociais para juntar esforços para recolher alimentos, cobertores, fraldas, todo tipo de vestiário e outros produtos para ajudar a nossos irmãos de classe que hoje sofrem, assim como também constituir brigadas operárias para contribuir na reconstrução de nossa Pátria, como tem sido a tarefa e dever históricos de nossa grandiosa classe operária…”.

Mas acrescentamos que deve ser a CUT quem se coloque à cabeça desta tarefa, só a classe trabalhadora será capaz de ajudar à classe trabalhadora, devem ser os trabalhadores dirigidos por organismos de classe como a CGT e o SITECO que liderem esta ajuda e exijam da CUT que levante esta bandeira de solidariedade e luta; não temos dúvida de que dentro da CUT ainda há dirigentes honestos e lutadores que saberão estar à altura das circunstâncias. Devemos construir uma corrente classista que demonstre que na ação podemos organizar-nos e sair em ajuda dos que perderam tudo. Devem ser estes organismos os encarregados da distribuição dos produtos de primeira necessidade e da organização dos comitês de autodefesa dos habitantes.

Olhando para o futuro
Concordamos com os companheiros de Revolução Proletária quando dizem: “… governo dos trabalhadores, planejamento socialista e democrático…”, pois temos clareza que só o Socialismo poderá evitar que estes eventos naturais nos atinjam com tanta força. É certo que não podemos evitar estes cataclismos, mas também é certo que com uma economia a serviço dos trabalhadores, e não de mercado, poderíamos poupar uma importante quantidade de mortos; só um cego não vê que aqueles que têm tudo nada sofreram; enquanto que os que tudo produzem, a classe trabalhadora, mas que não têm nada foram os mais afetados. Aqui também se faz concreta a contradição “Socialismo ou Barbárie”; pois ficou claro que enquanto os de cima, os poderosos, hoje dormem em suas casas sem problemas e sem nenhuma restrição; os de baixo devem suportar o toque de recolher, a falta de alimentos e de serviços básicos.

  • Plano de emergência já!
  • Alimentos e utensílios básicos para toda a população atingida!
  • Não ao toque de recolher, fim às restrições das liberdades individuais!
  • Que a CUT encabece a solidariedade!
  • Por uma corrente classista que lidere a ajuda aos atingidos através dos sindicatos!
  • Nacionalização de todos os grandes supermercados, sob controle dos trabalhadores!
  • Plano de reconstrução: moradias, estradas, hospitais e escolas financiadas pelo Estado e sob controle dos trabalhadores
  • Pela renacionalização do cobre para financiar todos os programas de construção
  • Perdão de todas as dívidas habitacionais!
  • Trabalho para todos os desempregados e salário digno de 350 mil pesos!

    Força Revolucionária – Esquerda Comunista (Chile)
    Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT – Chile)
    Liga Internacional dos Trabalhadores- Quarta Internacional (LIT-QI)

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