LIT-QI

Liga Internacional dos Trabalhadores - Quarta Internacional

Movimento Internacional de Trabalhadores-Chile (vozdelostrabajadores.cl)

O levante popular que percorre todo o país está desafiando a ordem que nos mantém na miséria há décadas. Porque o abuso da classe patronal e de todos os governos que a protegem é extremo. Porque a cumplicidade dos partidos políticos no parlamento com os empresários e a manipulação dos meios de comunicação é descarada. Mas também é violenta.

A violência do desemprego, os salários e pensões miseráveis, o desmantelamento da educação e saúde pública, as zonas de sacrifício, a perseguição ao povo mapuche e o assassinato de lutadores, a repressão, o saque de recursos naturais e o roubo de fundos públicos pela alta oficialidade das Forças Armadas e Carabineros. Essa é a violência sistemática, cotidiana e até naturalizada que originou a queima do Metrô, dos supermercados e farmácias, os que representam a ordem e o consumo.

Os verdadeiros saqueadores deste país têm nome e sobrenome: Matte, Errázuriz, Larraín Vial, Saieh, Piñera, Luksic, Paulmann, Angelini, Von Appen… São empresários. Evadem impostos, fazem conluios e roubam. Os partidos que os representam também têm nome: UDI, Evopoli, RN, DC, PS, PR, PPD. Legislam para os empresários. Nosso país também é o paraíso das transnacionais, que saqueiam nossas riquezas e as mandam para suas matrizes nos países imperialistas.

Este levante insurrecional é contra todos eles.

Saudamos a incorporação de cada vez mais setores a esta mobilização histórica: funcionários públicos e municipais, professores, trabalhadores da saúde, do cobre e portuários, e até setores de caminhoneiros.

Saudamos e aderimos ao chamado à Greve Geral da Mesa por la Unidad Social, composta por organizações como Cut, Colegio de Professores, Federação de Trabalhadores Mineiros, NO + AFP e vários outros sindicatos, como portuários de Valparaíso e metrô de Santiago.

A Greve Geral deve ser o próximo passo na nossa luta para tirar os militares das ruas e colocar o governo de Piñera para fora.

Muitos desses dirigentes da Mesa de Unidad Social, com exceção do companheiro portuário de Valparaíso, dizem que a saída dos militares das ruas seria suficiente para que se abra o diálogo com o governo. Dizemos: este governo tem que ir-se já! Nenhuma negociação é possível com um assassino do povo. Acreditamos que a Mesa de Unidad Social deve manter a Greve Geral até que caia o governo de Piñera!

Muitos dos dirigentes sociais e sindicais presentes na mesa acreditam que se Piñera tirar os militares das ruas, poderemos voltar tranquilamente ao Parlamento para aprovar leis a favor dos trabalhadores. Isso não será assim, o Parlamento é o lugar dos grandes empresários e seus representantes. Só com o povo na rua de forma permanente conseguiremos mudanças profundas.

Vamos confiar em nosso poder e em nossas organizações de base
Sabemos que em momentos como este, a unidade dos que lutam é vital. Mas também sabemos que, lamentavelmente, muitos dos dirigentes das grandes centrais, confederações e federações sindicais não representam suas bases e não as conhecem porque passam anos muito longe dos locais de trabalho, com benefícios e privilégios, e não sofrem o que sofrem os trabalhadores no dia a dia. Por isso chamamos para liderar este processo, que é nosso, desde as organizações territoriais e de base, em assembleias que não só sejam consultadas, mas também sejam respeitadas em suas decisões e representantes diretos.

Não se trata só de congelar no parlamento as leis que nos afetam, porque são todas. Não se trata de reduzir o salário dos parlamentares, e sim de acabar com todos os privilégios de alguns poucos e da influência que os empresários pagam em todas as instituições desta democracia: parlamento, ministérios, tribunais, impostos internos, prefeituras, etc.

Basta de Forças Armadas assassinando o povo! Um chamado à desobediência da Tropa!

Já são quase 20 mortos. São nossos jovens e inclusive crianças. A violência dos Carabineros e das Forças Armadas é brutal. Estão cometendo todo tipo de atrocidades nos bairros durante o toque de recolher. São centenas de feridos, milhares de detidos. Não podemos aceitar esta situação!

Os milicos tem que sair das ruas já!
Chamamos todos os trabalhadores, moradores e a juventude a não respeitar o toque de recolher, a organizar panelaços em seus bairros, marchas, assembleias, refeições comunitárias, etc.

Também fazemos um chamado à tropa das Forças Armadas e Carabineros para que não respeitem as ordens dos oficiais. Os recrutas e a tropa são filhos de famílias pobres do campo e da cidade. Sabemos que seus pais são trabalhadores ou camponeses, que se criaram em povoados, que ganham salários miseráveis, que sofrem abusos e discriminação por parte de seus superiores. Por isso lhes dizemos: unam-se ao povo! Não cumpram as ordens dos oficiais, que são parte dos privilegiados deste país e se voltam contra seu próprio sangue a favor dos empresários. Dizemos-lhes para se organizarem, que vão às assembleias dos moradores e trabalhadores para apresentar suas demandas. Rompam com a tradição militar de reprimir o povo! Organizem-se entre a tropa para apresentar suas demandas e tirar os oficiais!

Piñera anuncia: dar os dedos para não perder as mãos
Piñera anunciou na televisão uma série de medidas para tentar apaziguar os ânimos dos que estão nas ruas. As medidas são uma cortina de fumaça, não solucionam nenhum dos problemas de nossa classe. Os empresários e os ricos querem nos dar os dedos para não perder as mãos. Já estamos cansados. Não aceitamos as migalhas que o governo nos dá. Os trabalhadores, moradores e jovens que estão nas ruas querem mudar profundamente este sistema de injustiças e desigualdade social!

Acreditamos que a única saída é continuarmos mobilizados, é avançar em nossa organização nos bairros, minas, portos, fábricas, praças. Sabemos que se conseguirmos tirar o governo de Piñera, isso não será suficiente. Todo o Parlamento, a Justiça, os meios de comunicação e as empresas estão nas mãos dos milionários deste país e das transnacionais. Acreditamos que é preciso fazer uma revolução socialista que ponha em xeque os grandes empresários, que recupere os recursos naturais para nosso povo, que feche o Parlamento e o substitua por organizações da classe trabalhadora, dos moradores, da juventude, e dos sindicatos. A única saída para a classe trabalhadores deste país é um governo operário e popular!

Nosso chamado

Desde o MIT colocamos a Mesa Unidad Social, a apoiar-se na grande mobilização que conseguiu colocar o governo contra a parede para:

Exigir a retirada das Forças Armadas e da ordem das ruas e territórios mobilizados, incluindo o território mapuche. Manter o chamado a uma Greve Nacional Geral, de todos os setores produtivos e os serviços até que caia Piñera e seu governo.

Se na Mesa Social há dirigentes que não servem ao cumprimento de nossas demandas, devemos trocá-los. Nossos dirigentes devem ser eleitos em nossas assembleias. Nossas organizações são de luta, não de privilégios nem arranjos.

Nenhuma confiança na negociação com representantes do governo empresarial corrupto e seus partidos políticos!

Aumento imediato do salário mínimo a 500.000 pesos!

Fim das AFPs já! Por um sistema de distribuição, solidário e tripartido!

Redução da jornada laboral sem redução de salários!

Renacionalização do cobre e de todos os recursos naturais sob controle operário e social!

Utilização dos recursos gerados por essas riquezas para investir em Saúde e Educação!

Continuar mobilizados e organizados para conquistar um governo operário e popular!

Convidamos a todos: trabalhadores, moradores, estudantes, mapuche, estrangeiros e pessoas das diversidades étnicas e sexuais a somarem-se a esta luta e organizarem-se com o MIT. O Movimento Internacional de Trabalhadores é um partido onde não encontrarão privilégios, e sim um lugar para lutar pela recuperação de nosso país das garras dos empresários e das transnacionais. Lutamos por uma revolução socialista, para acabar com o capitalismo que nos explora e oprime. Lutamos por construir o verdadeiro socialismo no Chile e no mundo.

Tradução: Lilian Enck