Rio de Janeiro - Presidente da República, Michel Temer,participa de Reunião de trabalho sobre segurança ( Alan Santos/PR )
Diogo Artud, militante do PSTU e rapper do Coletivo O3

Temer, o governador do Rio, Pezão, e esse bando de burgueses corruptos botaram o Exército nas ruas de todo o Rio de Janeiro, além de colocar as polícias civil e militar sob o comando do Exército, tudo isso durante um ano! Foi oficialmente declarada guerra à população pobre e marginalizada do Rio de Janeiro. Sob o comando de um general importante no Exército, que até participou da ocupação do Haiti, os métodos de guerra contra as favelas e comunidades serão intensificados.

Quem mais irá sofrer com a repressão do Exército serão os trabalhadores mais pobres, aqueles terceirizados, com menores salários, sem carteira assinada ou informais, que em sua grande maioria são negros. Sofrerão também as mulheres e LGBT’s, com um abusivo assédio diário, além de constantes atos de violência. Com sua lógica de guerra, os militares atacam o campo inimigo, que envolve toda uma população, sem distinção, a fim de derrotá-los por completo. Tanto o Exército quanto a Polícia Militar utilizam dessa concepção, desse modo de agir. A lógica militar não serve para cuidar da segurança pública, ela é para guerras.

Nem tampouco a lógica do tráfico de drogas serve para algo construtivo. Para manter seus negócios ilegais, os comerciantes de drogas precisam do seu exército privado, o que coloca em clima de guerra suas comunidades, com trocas de tiros constantes, entre a polícia e entre as próprias facções. Os soldados do exército do tráfico são sempre jovens negros e são as maiores vítimas de assassinatos. Também há muito abuso às mulheres e LGBT’s, em especial o estupro e a violência.

Essa violência generalizada no Rio é causada principalmente pela miséria, desemprego extremo, falência do estado e a já conhecida guerra às drogas. Esses problemas são causados pelo próprio funcionamento do capitalismo. Constantemente, a economia dos países capitalistas entra em crise por conta da necessidade dos burgueses em aumentar cada vez mais seus lucros. Quando o lucro para de crescer, a burguesia demite funcionários, reduz salários e tira direitos. Assim ela pretende voltar a lucrar.

A burguesia agiu em vários países diferentes do mesmo jeito que está agindo aqui no Brasil, desde que a crise econômica mundial de 2008 começou. Na Espanha, Grécia, Itália e outros países foram aprovadas reformas trabalhistas e da previdência, o desemprego bateu recordes e houve muita resistência. No norte da África as desgraças da crise do capitalismo, muito similares às do Rio de Janeiro e do Brasil, levaram à revoluções que derrubaram ditaduras.

Essa violência generalizada que o Rio está passando faz parte da estrutura do capitalismo, é como se fosse uma das vigas dele, se tirar, ele cai. Outra viga deste sistema, por exemplo, é a corrupção. Os burgueses utilizam da corrupção para aumentar ainda mais seus lucros, então quanto menos lucro eles estiverem tendo, mais afundados eles estarão na corrupção. Isso vale para os burgueses de todo o mundo, como os casos de corrupção na Samsung, Coreia do Sul, o recente da Volkswagen na Alemanha, a Siemens, e tantas outras empresas e países.

Legalizar as drogas, gerar empregos e desmilitarizar a polícia
Essa política de militarizar o Rio de Janeiro é um verdadeiro crime contra o povo pobre e negro do estado. Além do aumento expressivo da repressão e da violência, não vai solucionar em nada todas essas crises que o estado está metido. Os trabalhadores e trabalhadoras que moram em favelas e comunidades já não suportam mais o abuso policial, a violência e a truculência, como também não suportam mais seus parentes morrerem por conta da guerra às drogas.

Primeiramente, é urgente uma campanha massiva pela legalização das drogas. Não é possível mais que o povo pobre e negro pague com a vida por essa política de guerra às drogas. Diversos países no mundo já estão nesse caminho da legalização e regulamentação, como os EUA por exemplo, ou o Uruguai aqui do lado.

Só com a descriminalização do comércio essa violência já vai despencar, pois a grande maioria das operações policiais são para repressão de drogas e armas. Não sendo crime, não será mais necessário o exército do tráfico para sua defesa, logo não há necessidade de armas para esse fim. Portanto, descriminalizar somente o uso é insuficiente, pois a venda permanece ilegal e a repressão permanecerá. Com o comércio de drogas não sendo crime, os pontos de venda irão democratizar e as guerras entre facções também acabará, pois não haverá mais um monopólio do comércio.

A dependência de drogas deve ser tratada como saúde pública, assim como o abuso de álcool por exemplo. Tanto o crack, como a cocaína e drogas de forte dependência, devem ser distribuídas gratuitamente aos dependentes, com devido registro e acompanhamento médico do serviço de saúde. Com uma regulamentação coerente das drogas, podemos ter o controle desde a produção até a distribuição, tratando assim corretamente todos os dependentes.

Também é preciso desmilitarizar a polícia, pois a violência policial irá permanecer mesmo com as drogas deixando de ser crime. Temos que criar uma nova polícia civil única e dissolver as duas existentes hoje. Essa nova polícia deve ser democrática, com seus membros podendo ser eleitos e retirados pela comunidade ou bairro onde a polícia atua. Todos os seus membros também devem ter direitos políticos e sindicais como qualquer outro trabalhador.

Mas o ciclo de violência que assola o Rio de Janeiro não vem só do tráfico e da polícia. A principal causa do atual aumento da violência está nessas crises econômica, política e social que abatem o país e em especial o Rio de Janeiro. A falência de milhares de empresas, a falência do estado, o desemprego em massa como nunca visto antes, a miséria generalizada e ainda somado à situação nacional, causaram literalmente uma explosão social. As revoltas populares nas favelas e comunidades estão mais constantes, o povo pobre e negro já está realizando saques nos grandes comércios e os desempregados são jogados para a criminalidade cada vez mais.

O Rio de Janeiro, assim como outros estados, precisa de um grande plano de obras públicas para ajustar tudo que se precisa. Em um governo socialista revolucionário é possível expropriar (tomar pra gente) toda a infra-estrutura dessas empreiteiras corruptas e dar emprego para todos, revitalizando as favelas e periferias, criando saneamento, postos de saúde, hospitais, escolas e espaços de lazer. Com uma geração de empregos desse porte a violência irá despencar, os jovens terão lazer, educação de qualidade e emprego. O crime não terá mais vez na vida da juventude negra e de periferia.

Não desviar da luta contra a reforma da previdência
Mesmo não podendo mexer na Constituição durante a intervenção militar, o governo federal já garantiu que a prioridade é a votação da reforma. O deputado Carlos Marun, aquele da “dancinha da corrupção”, que agora é ministro, já afirmou que as negociações continuam e se conseguirem a quantidade de votos suficientes a reforma será votada.

O corrupto descarado Michel Temer também já afirmou a possibilidade de cancelar a intervenção e criar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem, a mesma lei que Lula e Dilma usaram para botar o Exército pra reprimir a população), caso se consiga os votos durante a intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro. Ou seja, se conseguirem a quantidade de votos, eles param a intervenção.

Portanto, nesses dias é preciso continuar mobilizando para as manifestações, protestos e greves que ocorrerão no dia 19, pois temos que continuar lutando contra a reforma da previdência!

– Não à intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro!
– Fora Temer e Pezão! Fora Todos Eles!
– Regulamentação das drogas, geração de empregos e desmilitarização da polícia para acabar com a violência!
– Pela expropriação das empresas corruptas sob o controle dos trabalhadores!
– Por um plano de obras públicas nas favelas e periferias do RJ para geração imediata de emprego!
– Por um governo socialista, revolucionário, operário e do povo pobre!