A ampla maioria da esquerda deixa-se seduzir pela retórica anti-Bush de Chávez e considera-o uma referência para a luta contra o imperialismo. No entanto, seu governo, como outros governos de “esquerda” latino-americanos, também continua pagando a dívida externa, privatizando parcialmente a petrolífera do país (PDVSA), cujos 49% das ações são controlados pelo capital privado.

A razão da retórica “anti-Bush” de Chávez está no seu desacordo em aceitar ser um completo fantoche nas mãos de Washington e entregar o petróleo, principal riqueza da Venezuela, totalmente ao imperialismo. Chávez resiste a esse objetivo ianque e quer manter um pequeno grau de autonomia. Mas sua resistência é extremamente limitada, distante da dos antigos governos nacionalistas burgueses de Cárdenas (México) ou Nasser (Egito), que tomaram medidas claras de nacionalização de setores estratégicos que pertenciam ao imperialismo.

Do ponto de vista econômico, a relação entre Venezuela e EUA não é diferente da maioria do continente. Apesar de toda a retórica, o país fornece 25% do petróleo consumido nos EUA. O “socialismo do século 21” defendido por Chávez é mais um exercício de retórica e não tem nada a ver com a expropriação das grandes propriedades. Chávez chama de “socialismo do século 21” a combinação de um plano econômico neoliberal com as Missões e discursos antiimperialistas.

O limite do “antiimperialismo” de Chávez pode ser visto na sua relação com os países imperialistas europeus. A PDVSA, por exemplo, tem uma série de acordos que proporciona lucros fabulosos à espanhola Repsol.

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