Na semana passada, o presidente venezuelano, Hugo Chávez realizou uma cerimônia para inaugurar obras da construção da Nova Siderúrgica Nacional em Guayana, no estado Bolívar.

Na ocasião, Chávez explicou que este é um projeto de desenvolvimento integral e o primeiro plano socialista da nação. A nova siderúrgica estatal produzirá mais de 1,5 milhão toneladas de aço líquido por ano. A previsão é que a obra seja inaugurada em 2010.

Mas algo chamou a atenção no discurso de Chávez quando ameaçou os trabalhadores das indústrias do setor alumínio que realizam, no momento, diversas reivindicações salariais e trabalhistas. A crise econômica faz o setor temer o desemprego.

O presidente advertiu os sindicatos setor que não tolerará “sabotagens”, ao fazer referência às ameaças de desemprego realizadas recentemente. “Se não me aprovam, isto ou aquilo, então paramos a fábrica. Isso é sabotagem…não vamos tolerar”, disse.

O presidente exortou à Disip e DIM, polícia secreta do país, a fazer um trabalho de inteligência, necessário, segundo ele, para defender as empresas.

O presidente afirmou ainda não ter medo de ameaças de desemprego, e disse que não era para se meter com ele. “Que pare aqui uma empresa do Estado, se estará se metendo com o Chefe do Estado”, completou.

As declarações do presidente venezuelano deixaram vários sindicalistas perplexos. Até então, Chávez não tinha ameaçado o movimento sindical de maneira tão clara. Orlando Chirino, coordenador nacional da União Nacional de Trabalhadores (UNT), falou que as declarações de Chávez são extremamente graves.

“O que acaba de dizer o presidente é intolerável, é uma ameaça direta contra todos os trabalhadores e o movimento sindical venezuelano. Uma declaração de guerra contra todos os que lutam por seus direitos e legítimas reivindicações no marco do processo revolucionário” , disse.

O discurso de Chávez mostra algo que já ocorre há algum tempo na Venezuela: a restrição das liberdades democráticas dos trabalhadores, como o direito à greve, a manifestações e da existência de organizações independentes da classe. Nos últimos meses, houve um salto da repressão à luta dos trabalhados.

O último episódio foi a repressão na Mitsubishi do estado de Anzoátegui, governado pelo chavismo. Policiais invadiram uma ocupação e mataram dois metalúrgicos no dia 29 de janeiro.

Agora o presidente sequer esconde suas intenções e acaba ordenando até aos odiosos órgãos de repressão e espionagem – que têm uma tenebrosa história de violações aos direitos humanos – para perseguir e localizar os trabalhadores e sindicalistas que lutam por seus direitos.