Categoria votou em peso e Chapa 1 obteve 65% dos votos, apesar das manobras da CUTRealizada nos dias 23 e 24 de fevereiro, a eleição para o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região foi marcada por intensa polarização entre as chapas concorrentes: a Chapa 1, da Conlutas, e a Chapa 2, da CUT.

Apesar das tentativas da Chapa 2 de tumultuar a eleição, recorrendo à justiça burguesa para cancelar o pleito, os metalúrgicos compareceram em massa. Foram 12.452 votantes. A Chapa 1 obteve 65% dos votos (7.671) e a Chapa 2 apenas 35% (4.150). Brancos e nulos somaram 474 e foram impugnados 157 votos.

O resultado foi anunciado às 6 horas do sábado de carnaval. Mesmo cansados, candidatos e apoiadores da Chapa 1 tiveram energia para comemorar e desfilar no tradicional bloco Acorda Peão, organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos.

“A categoria demonstrou mais uma vez a vontade de manter o sindicato no caminho da luta e na defesa incondicional dos direitos dos trabalhadores, por isso votou na Chapa 1, a chapa da Conlutas”, disse o recém-eleito presidente da entidade, Adilson dos Santos, o Índio.

Ele destacou também que, desde o início da campanha, a chapa derrotada vinculou sua candidatura à volta da CUT à direção do sindicato. “Os dois projetos em disputa eram totalmente diferentes e os metalúrgicos reafirmaram nas urnas o desejo de construir uma nova organização nacional de luta, independente e democrática”, disse.

Para o presidente da apuração, a tentativa frustrada da chapa da CUT de impedir que o trabalhador votasse não comprometeu o pleito. “Foi uma eleição democrática e tranqüila. Sem dúvida, o resultado representa a vontade da maioria dos metalúrgicos da região”, disse Gilberto Antonio Gomes, o Giba, da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais.

Chapa da CUT tenta manobra para impedir eleição
Consciente de sua derrota, às vésperas da eleição a chapa da CUT tentou impedir a votação. Usou argumentos falsos de falta de democracia. O resultado foi o adiamento em um dia do início do pleito. A comissão eleitoral recorreu e comprovou que todos os direitos das chapas estavam garantidos – já havia sido acordada a paridade entre mesários e presidentes de mesa (mesmo número para cada chapa). “Eles também tiveram acesso a todos os documentos, como listagem de sócios e itinerários das urnas”, disse Carlos Eduardo Batista, membro da comissão.

Derrotada também na justiça, a Chapa 2 tentou ainda impedir o trabalhador de votar. Distribuiu boletins dizendo que a eleição havia sido cancelada. Mesmo assim a categoria foi às urnas e elegeu a Chapa 1 com ampla maioria dos votos.

Para levar confusão à categoria, o PCO tentou inscrever uma chapa com nome de metalúrgicos que nem mesmo conheciam a organização. Revoltados, os trabalhadores renunciaram e essa chapa ficou com apenas três candidatos, não alcançando o número mínimo previsto no estatuto.

Com se não fosse o bastante, o PCO, coerentes com a sua política de defender a CUT governista, ainda apoiou as ações na Justiça feitas pela Chapa 2.

Ativistas de todo o país participam da campanha da Chapa 1
A participação da militância de todo o País também merece destaque. Alguns conseguiram férias, outros entraram de licença e a juventude faltou aula para contribuir com a campanha da chapa da Conlutas.

Companheiros do Rio Grande Sul e Santa Catarina enfrentaram 24 horas de viagem em uma Kombi cedida pelo Sindicato dos Correios gaúcho. Militantes de Pernambuco também enfrentaram muitas horas em ônibus.

Minas Gerais enviou um ônibus e mais de 40 militantes de Belo Horizonte, Itaúna e do Sul de Minas. Representantes de sindicatos e do movimento popular e estudantes de São Paulo e Rio de Janeiro também foram fundamentais para a eleição da Chapa 1.
“Foi importante ver a juventude e o movimento sindical e popular unidos em defesa de um projeto. O sindicato de São José é a coluna vertebral da Conlutas, por isso não medimos esforços para participar. Faria tudo de novo”, disse Antônia de Jesus, metalúrgica de Minas.

Vitória fortalece a Conlutas
Sem dúvida essa eleição evidenciou mais claramente dois projetos para o movimento sindical e popular no Brasil. De um lado, a Chapa 1 e seu programa com críticas à política neoliberal do governo Lula e a reafirmação da necessidade de construir uma nova organização nacional. Do outro, a Chapa 2, apoiada por conhecidos pelegos da CUT, ansiosos para ganhar mais um aparato e, assim, frear as mobilizações contra o governo e os patrões.

Essa foi a primeira eleição do Sindicato dos Metalúrgicos de São José após a ruptura com a CUT, ocorrida em agosto de 2004. “O resultado comprova, mais uma vez, a consciência da categoria de que os trabalhadores precisam construir uma nova ferramenta que unifique a luta dos trabalhadores, desempregados, juventude, sem-teto e sem-terra para avançar na construção de uma sociedade melhor”, disse o diretor do sindicato e coordenador da Conlutas na região, José Donizete de Almeida.

Sindicato fantasma foi para o espaço
A vitória da Chapa 1 jogou por terra o projeto da CUT, apoiado pela patronal e pelo governo, de criar um sindicato do setor aeroespacial. Em todas as fábricas ligadas a esse setor (Embraer, Eleb, Sobraer e outras) a Chapa 1 ganhou com larga vantagem.
“Os metalúrgicos decidiram que não querem a divisão da categoria, por isso votaram na Chapa 1. A tentativa da CUT de enfraquecer a luta dos trabalhadores foi totalmente rejeitada”, disse o presidente do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha.
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