Nos dias 15 e 16 deste mês, os trabalhadores da Alimentação de São José dos Campos e região foram às urnas escolher a diretoria do sindicato para os próximos três anos. Após um mês de campanha, a Chapa 1, da Conlutas, venceu com quase 80% dos votos e manteve a maioria da diretoria.

Durante a campanha, a diferença de projetos entre a Conlutas e a CUT ficou clara. Enquanto a Conlutas apresentou um programa contra as reformas Sindical, Trabalhista e Universitária do governo Lula, denunciou o mar de lama do governo petista e defendeu um sindicato classista e de luta, a Chapa 2, da CUT, apoiou as reformas e o governo Lula.

Além disso, um outro fator determinante para a vitória da Conlutas foi a renovação e a representatividade da chapa. “30% dos candidatos da Chapa 1 são companheiros jovens, novos no movimento sindical que, revoltados com a situação colocada, vêem o sindicato como instrumento dos trabalhadores”, disse Joaquim Aristeu, da Chapa 1, coordenador regional da Conlutas e militante do PSTU. “Salém de termos companheiros em todas as fábricas, há um enorme avanço com o fato inédito na categoria de três mulheres se candidatando”, completou.

A Chapa 2 trouxe na sua composição a expressão máxima da CUT. Dos 22 candidatos, quatro foram impugnados por nunca terem sido sócios do Sindicato. Dos restantes, a maior parte é composta por aposentados, há muito tempo fora da fábrica. Além dos que desistiram no dia da eleição.

Abrigando membros do PSTU, simpatizantes do P-SOL, da esquerda do PT e independentes, a Chapa 1 – Conlutas – teve como lema Unidade pra lutar. “A conjuntura favoreceu a situação, com o desgaste da CUT e do governo. A pressão dos trabalhadores fez com que o setor da esquerda do PT escolhesse a Conlutas como alternativa”, disse Joaquim.

Ele também lembra dois momentos marcantes da campanha. “Foi emocionante quando os trabalhadores da cervejaria Ambev devolveram o boletim da Chapa 2 e os da J. Macedo saíram da fábrica com as bandeiras da Conlutas, contra as reformas sindical e trabalhista”.

Embora a categoria seja relativamente pequena, a atuação da atual diretoria do sindicato faz com que o peso político da entidade seja enorme. O Sindicato da Alimentação de São José dos Campos e região foi o segundo do Brasil que se desfiliou da CUT, em 17 de setembro de 2004, está presente em todas as lutas dos trabalhadores da região, desde os metalúrgicos e químicos até a ocupação do Pinheirinho.

Entre as fábricas da categoria estão as cervejarias Ambev e Kaiser, além das chocolaterias Master Food, Tatie Montanhês e a fábrica de macarrão J. Macedo.