Apesar das férias coletivas, assembléia foi uma das mais lotadas
Sindmetal SJC

CUT e Força Sindical se uniram contra a atual gestão do sindicato e foram derrotadas: por 87% dos votos, Chapa da Conlutas venceu para a comissão eleitoralNo final da tarde desta quarta-feira, 499 metalúrgicos lotaram o auditório do sindicato em São José dos Campos para eleger a comissão eleitoral. O processo de eleição para a nova diretoria da entidade deve ocorrer, segundo estatuto, entre 22 de fevereiro e 22 de março do ano que vem.

Adilson dos Santos, o Índio, atual presidente do sindicato, abriu a assembléia explicando como seria a escolha da comissão. Ele também enalteceu o fato de estar lotado o auditório, apesar do período de férias coletivas de várias empresas. Em função disso, o sindicato teve de redobrar esforços para garantir uma assembléia representativa e democrática, com chamados diários nas portas de fábrica, anúncio na TV e outdoors instalados pela cidade.

Para a comissão, foram apresentadas duas chapas. A primeira foi indicada pela Conlutas e tinha como membros João Zafalão, professor em São Paulo e diretor da Apeoesp, Josias de Melo, metalúrgico aposentado e presidente da Associação Democrática dos Metalúrgicos Aposentados (Admap), e Ivan Trevisan, atual diretor do Sindicato dos Metalúrgicos.

Na chapa 2, uniram-se CUT, Força Sindical e Alternativa Metalúrgica. A aliança é inédita na região. Historicamente, CUT e Força Sindical são inimigas. A defesa foi feita, primeiramente, por Luiz Carlos Tavares, representante da CUT. “Hoje estamos aqui para discutir a democracia operária, uma história que começou na ditadura militar”, falou.

Veloso, da Alternativa Metalúrgica, que fez a segunda fala de defesa da chapa 2, disse aos presentes: “vocês têm uma responsabilidade com a mudança, vocês vão nos ajudar a reescrever a história deste sindicato”.

Vivaldo Moreira, ao defender o voto na chapa 1, iniciou recordando que os membros que compunham a chapa 2 foram contrários à luta contra o banco de horas. Ele também lembrou as eleições do sindicato de Pindamonhagaba, onde a chapa da CUT foi derrotada nos três turnos e a comissão, ligada a essa chapa, não permitiu que a chapa vitoriosa assumisse.

“Estes trabalhadores que estão aqui presentes têm o direito sim de votar numa comissão que seja representativa, mas uma comissão que, além de tudo, tenha respeito pelos trabalhadores”, disse Vivaldo.

Depois, quem falou foi Luiz Carlos Prates, o Mancha. “Para este sindicato seguir adiante, no caminho da luta, para não ser entregue na mão dos patrões, nós nunca poderíamos entregar, nesta assembléia, a comissão eleitoral para a CUT e a Força Sindical”, defendeu.

Ele também atacou a aliança entre as centrais que “depois de se atacarem durante vinte anos aqui na região, pela primeira vez se juntaram para defender banco de horas, para ferrar o trabalhador e para tirar o sindicato da mão dos trabalhadores”. “Onde a CUT e a Força Sindical fazem eleição, não tem sequer comissão eleitoral, eles que decidem tudo”, alertou.

Após as defesas, os operários elegeram a chapa da Conlutas. Mesmo com a vitória visível, os votos foram contados. O resultado foram 433 votos para a chapa 1 contra 66 para a 2. Ao final, os metalúrgicos comemoraram cantando a palavra-de-ordem: “eu sou Conlutas, sou radical / não sou capacho do governo federal”.

Agora, é aguardar o calendário que será definido pela comissão e pôr a campanha na rua. O debate já está claro. De um lado, a chapa que representará a atual gestão do sindicato, vai continuar a defender a democracia operária e os direitos e a enfrentar os patrões. Diante da atual crise, é necessário mais do que nunca preparar os trabalhadores contra as demissões, para que não paguem pela crise mundial.

De outro, ficarão aqueles que estão junto com o governo federal e fazendo acordos com os patrões e entregando os direitos que os trabalhadores tanto lutaram para conquistar. Mas são os metalúrgicos que vão definir, em março, os rumos do sindicato.