O sentimento de mudança por parte dos trabalhadores manifesta-se com força numa das regiões com maior concentração de operários do país. Faltam poucos dias para a eleição da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, que ocorrerá de 15 a 17 de abril.

A campanha já está em clima de reta final e cresce a polarização nas empresas entre as duas chapas em disputa: a Chapa 1, da CUT e que representa a situação, e a Chapa 2, da Conlutas e de oposição.

Segundo Oraldo Paiva, diretor da FSDMMG (Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais) e candidato da Chapa 2, está se confirmando a perspectiva de a oposição sair vitoriosa desta eleição.

Isso porque a Chapa 2 conta com o apoio da maioria dos metalúrgicos em importantes fábricas, como a Vallourec & Mannesmann (a maior da categoria, com cerca de 180 sócios), M. Solda e Flender. Esse apoio está se espalhando pela categoria à medida que a Chapa 2 desmascara o governismo da outra chapa. Oraldo dá o exemplo da importante região do Cinco, em Contagem, onde a oposição, nos últimos dias, tem ganhando a simpatia de trabalhadores de várias médias empresas.

Outro sintoma da boa receptividade da Chapa 2 são as visitas às casas dos aposentados associados ao sindicato. Os companheiros relatam muitas críticas ao governo, que reajustou as aposentadorias em apenas 5% este ano, e à falta de atitude da atual diretoria do sindicato.

Mas não é fácil disputar o voto dos trabalhadores com uma chapa apoiada pela CUT e pelas prefeituras de Belo Horizonte e Contagem, ambas do PT. O aparato da chapa governista é grande – são cerca de 300 pessoas, muitas pagas, trabalhando na campanha da Chapa 1. Eles estão distribuindo até brindes para os sócios, como bonés, camisetas e chaveiros.

“Estamos enfrentando um aparelho forte, mas a categoria tem demonstrado vontade de mudança, o que nos dá força”, diz Oraldo.

A oposição está agora organizando a boca-de-urna e listando os mesários. O apoio dos ativistas de todo o país é muito importante para trazer um sindicato tão importante de volta para a luta. Apesar de ter 55 mil metalúrgicos na base, o sindicato tem apenas cerca de 6.500 sócios.

Isso é reflexo da política da CUT de não mobilizar os trabalhadores. Uma categoria que realizou greves heróicas nas décadas de 60, 70 e 80 não pode continuar nas mãos de quem não luta. A oposição está batalhando para mudar essa realidade.