Em São Paulo, na madrugada do dia 18 de setembro, o então presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários de São Paulo e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, anuncia a vitória da Chapa 2 – “Oposição, é hora de mudar”. Neste momento, uma explosão de alegria toma conta dos militantes da oposição na quadra do sindicato, onde ocorre a apuração dos votos. Após o anúncio, Altino de Melo Prazeres Júnior, já como novo presidente da entidade, faz uma breve saudação aos militantes e chama a unidade em defesa dos metroviários. A chapa 2 obteve 53% dos votos válidos, contra 47% da chapa 1.

No dia 26 de agosto, o sindicato dos metroviários completou 28 anos. É uma entidade sindical de referência nacional no setor de transporte e uma das mais importantes do país e de São Paulo. A categoria tem cerca de 8.600 metroviários, sendo 6.640 associados com direito a voto. Participaram da eleição 5.186 trabalhadores.

A Chapa 2 – “Oposição, é hora de mudar” obteve 2.650 votos, e a Chapa 1 – “Sindicato no rumo certo’ alcançou 2.321 votos. Votos brancos somaram 28 e nulos, 187. A chapa 2 foi composta pela CSP – Conlutas, a Intersindical, a corrente Unidos Pra Lutar e dois grupos independentes, um deles ligado ao setor da segurança. A chapa 1 foi formada pela CTB e pela CUT.

A campanha foi marcada pelo debate sobre os problemas da categoria. No meio do processo, a direção do sindicato baixou o nível e partiu para ataques pessoais. No entanto, o mais importante é que a categoria participou ativamente da eleição e não se intimidou. Para falar dessa histórica conquista, o Opinião entrevistou Altino de Melo, que encabeçou a chapa 2, além de ser militante do PSTU e da CSP – Conlutas.

Opinião – Qual é a importância dessa vitória para o movimento dos trabalhadores de São Paulo?

Altino – Em primeiro lugar, quero dizer que vamos cumprir nossos eixos de campanha. Entre outros pontos, a necessidade de devolver o sindicato para as mãos dos metroviários, pois a atual diretoria estava muito distante da base. Esse sindicato, que é uma referência para as lutas, estava atrelado ao governo Lula, fazendo parceira com a empresa. Agora vamos defender os interesses dos metroviários, porque vamos ser independentes dos governos, sejam eles quais forem.

OS – Como foi a formação da chapa?
Altino – Nós primeiro propusemos formar uma chapa nas áreas, os trabalhadores escolheriam os diretores e quem encabeçaria a chapa. A atual diretoria não aceitou. Então propusemos para a oposição realizar uma prévia pela base entre as correntes da oposição e, nessa prévia, também se escolheria a cabeça da nossa chapa, com três companheiros concorrendo. Mas o Metrô não permitiu a realização da prévia. Então não houve outro jeito a não ser fazer uma convenção para escolher o presidente de chapa. As outras correntes retiraram os nomes, ficando só o meu.

OS – A que você atribui a vitória?
Altino – Em primeiro lugar, à categoria, que confiou no nosso projeto de construção de um sindicato independente dos governos e que lute pela categoria, pois estamos sendo atacados pela empresa, e a antiga direção não reagia a esses ataques. Para se ter uma ideia, em todo o país as categorias estão conquistando aumento real, mas aqui não conseguimos nem a reposição da inflação.

OS – Como será a convivência entre as correntes?
Altino – Da melhor forma possível, organizaremos o trabalho do sindicato através de comissões de base. A organização de base decidirá os rumos da categoria em cada momento, e também por meio de suas assembleias.

OS – E sobre a filiação do sindicato à CTB, já que você é da CSP – Conlutas?
Altino – Faremos um amplo e real debate na base, só depois a categoria vai decidir o que fazer.

OS – E agora?
Altino – Vamos arregaçar as mangas e continuar o trabalho que já vínhamos fazendo. Quero agradecer a todos os militantes das outras organizações, mas quero mandar um agradecimento especial aos militantes do PSTU e da Alternativa [oposição organizada pela CSP – Conlutas em metroviários], que muito ajudaram nessa vitória histórica.

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