O ato unificado na Avenida Paulista, no dia 14 de agosto, mobilizou trabalhadores e juventude e, certamente, foi um ato vitorioso. No entanto, a fala de Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), foi uma vergonha. Não somente pelo conteúdo governista (o que era de se esperar), mas principalmente pelo conteúdo homofóbico.

Após comemorar o governo Lula, a fala da CGTB agradeceu a presença da polícia militar e falou que, se depender do governo Kassab, somente gays, lésbicas “etc.” poderiam protestar na Avenida Paulista e os trabalhadores não. Ou seja, para o dirigente desta central, ser gay, lésbica, bissexual, travesti ou transexual (GLBT) é oposto a ser trabalhador.

É vergonhoso que no Dia Nacional Unificado de Lutas uma fala tenha um conteúdo tão homofóbico. É por causa de falas como a de Antonio Neto que a maioria dos GLBTs não procuram seus sindicatos: além de sofrer com o assédio moral e discriminação no local de trabalho, sofrem com a discriminação e o preconceito na entidade que deveria representa-los.

Trabalhadores e trabalhadoras GLBTs são um dos setores mais explorados da classe, juntamente com negros, negras e mulheres. Nós, do PSTU, defendemos que esses setores devem se organizar de forma independente para reivindicar suas bandeiras. Foi assim que surgiu a Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, que não tinha nada a ver com a parada de hoje, financiada por governos e empresas.

Além disso, defendemos que o conjunto do movimento de massas deve levantar as bandeiras dos oprimidos, porque a luta contra a opressão é parte da luta contra a exploração da classe trabalhadora. É por isso que temos orgulho de construir o Grupo de Trabalho GLBT da Conlutas.

Obviamente, o presidente da CGTB não pensa assim. Até porque, a CGTB, entusiasta de Getúlio Vargas, nunca defendeu a independência de classe.