Desde a madrugada do dia 26 de junho de 2007, terça-feira, cerca de 1.200 pessoas de diversas organizações de trabalhadores oprimidos brasileiros instalaram um acampamento na Fazenda Mãe Rosa, no Município de Cabrobó (PE). No local, os batalhões de engenharia do exército deram início às obras do projeto governo Lula de transposição das águas do rio São Francisco. A ação deve servir para impedir o avanço das obras e para a retomada do território pelo povo indígena Truká, que reivindica a posse da terra.

O acampamento não tem prazo para encerrar e o número de participantes deve aumentar. Participam da ação organizações sociais e movimentos populares, além de comunidades tradicionais de Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e Ceará. Eles exigem o arquivamento do projeto, além da implementação de alternativas e tecnologias apropriadas de convivência com o semi-árido.

Pela manhã, estiveram no local representantes do Exército e a Polícia Militar. No mesmo dia, correu a notícia de que o governo Lula estava providenciando a liminar de reintegração de posse.

Governo Lula compra prefeito de Cabrobó por R$ 4,6 milhões
Um dos jornais noticiou que o prefeito de Cabrobó, um dos grandes interessados nas obras de transposição das águas do Rio São Francisco, informou que a transposição virá acompanhada de enormes benefícios para o povo da região e que já havia recebido R$ 4,6 milhões do governo federal. Há poucos dias, um dos representantes do governo Lula esteve visitando toda a bacia hidrográfica do rio São Francisco e entregou chegues com altas quantias aos prefeitos das cidades ao longo da região.

Enquanto o representante da burguesia local recebe R$ 4,6 milhões, o povo vive e vai permanecer na pobreza e miséria absoluta. Agora, de forma pior, podem perder suas terras que lhes garante a sobrevivência. Os megalatifundiários do semi-árido do Nordeste brasileiro serão os únicos beneficiados com o projeto de transposição do São Francisco. Essa transposição é parte essencial do projeto IIRSA (Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana), hoje também chamado de PAC (Projeto de Aceleração de Crescimento) para atender apenas aos interesses econômicos do imperialismo ianque (dos Estados Unidos) e europeu.

O imperialismo tem como meta garantir o negócio das multinacionais e o lucro das empresas ligadas umbilicalmente ao complexo militar-industrial. Os governos auxiliares do imperialismo como, por exemplo, o governo Lula, têm como missão garantir o negócio dos usineiros e do imperialismo ianque e europeu que muito necessitam de biodiesel e etanol. Essa é a verdade. Por isso, é necessário que o governo Lula extermine primeiro as tribos indígenas que vivem às margens do rio São Francisco, arrancando-lhe seus meios de sobrevivência e fazendo desaparecer suas culturas.

Recordemos que para produzir um milhão de barris de etanol, seja de milho, seja de cana-de-açúcar, é preciso 20 milhões de hectares de terras agricultáveis. Os Estados Unidos e os países ricos e imperialistas já decidiram que o plantio de bioenergia deve ser feito nas terras dos países do hemisfério sul (América Latina e Caribe). As terras dos países imperialistas devem ser preservadas para o plantio de alimentos. Para garantir esse projeto, o imperialismo conta com o governo Lula e com o prefeito de Cabrobó, inicialmente. Outros grandes beneficiários devem ser as “gatas” (empreiteiras), das quais uma das mais famosas é a Guatama.

Agora, Lula precisa acabar com o acampamento dos povos oprimidos. Para isso, conta com a polícia militar e o exército. Esse último é o mesmo que está no Haiti a mando do governo federal, praticando genocídio bárbaro contra o povo haitiano para defender os interesses econômicos do governo Bush.

Com informes da Coordenação Nacional de Lutas

LEIA TAMBÉM: