Alguns setores que haviam se posicionado contra a reforma Sindical e Trabalhista começaram a renunciar a essa luta, negociando com a CUT algumas emendas no projeto. Nesta quarta, dia 10 de maio, houve uma reunião com CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), SDS (Social-Democracia Sindical) e CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores), para discutir a possibilidade de fazer essas emendas.

A emenda que está sendo negociada quer assegurar a unicidade sindical, ou seja, a exclusividade de representação por base territorial. A PEC 369, apresentada pelo governo com o Projeto de Lei da reforma, deixava em aberto a possibilidade de haver mais de um sindicato por base. Para a CUT, essa era uma das principais alterações previstas na reforma Sindical, pois significaria mais ‘concorrência’ entre os sindicatos. Entretanto, diante de todas as pressões contrárias ao projeto, agora a central resolveu abrir mão deste ponto. E, aqueles que estavam se posicionando contra a reforma apenas para garantir seus aparatos, aceitaram de bom grado negociar.

A CUT está discutindo a reforma e a alteração em sua 11ª Plenária Nacional, que acontece até o dia 13, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Um exemplo de quem estava contra a reforma e agora quer negociar a emenda é a CGT, que chegou a se retirar do Fórum Nacional do Trabalho e participar de protestos contra o projeto. Agora, a CGT parece ter entrado num acordo com a CUT e com a Força Sindical, garantindo seus interesses.

João Batista Lemos, dirigente da CSC e secretário sindical nacional do PCdoB, que até então estava contra o projeto de reforma Sindical e Trabalhista, também acredita que há um “clima favorável ao entendimento”.

A postura desses setores contra a reforma se transformou numa negociação por interesses. Eles comemoram o acordo sobre a unicidade sindical, dizendo que o projeto ainda “deixa a desejar”, mas que o espaço está favorável às negociações.

O que está em jogo é um projeto que de maneira global ataca os direitos trabalhistas e as formas de organização dos trabalhadores. Sem se importar com os interesses por aparato, a Conlutas vem lutando contra o projeto da reforma como um todo, que acaba com o direito de greve, dá superpoderes às centrais sindicais, dá poder ao Estado para interferir na forma de organização dos trabalhadores e ameaça direitos históricos como 13º e férias. Para os trabalhadores, não há o que melhorar ou discutir nesse projeto.