Em 2010, o 1º de Maio acontece em meio à disputa eleitoral que desta vez começou bem adiantada. De um lado, o tucano e ex-governador de São Paulo, José Serra, tenta recolocar o PSDB e a direita tradicional de volta ao poder. De outro, Dilma Rousseff se esforça para capitalizar a popularidade de Lula e manter o PT na Presidência. Em essência, duas alternativas que significam a continuidade da atual política neoliberal dos últimos 16 anos.

As últimas pesquisas colocam o tucano em estreita vantagem em relação a Dilma. Joga a favor de Serra o fato de ser um rosto mais conhecido e de ter estado à frente do governo paulista. Dilma, porém, vai se apoiar não só no carisma de Lula. Ela tem por trás todo o aparato do PT, da CUT e das principais centrais sindicais. E vai usá-lo para isso, como já vem usando.

Ligações Perigosas
No dia 10 de abril, o PSDB lançou oficialmente a candidatura de Serra numa pomposa festa em Brasília. O PT viu a necessidade, então, de realizar um ato que funcionasse como um contraponto à festa tucana, fazendo Dilma dividir o noticiário com o oponente. Para isso, não teve dúvida. Organizou em cima da hora um evento em pleno Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para fazer propaganda da candidata petista.

Mais do que isso, a festa no sindicato que foi um marco do chamado “novo sindicalismo” selou a união das principais centrais em torno da candidatura Dilma, como expressa a manchete do jornal da entidade: “Dilma, a classe trabalhadora brasileira acaba de assumir sua candidatura”. Assim, CUT, Força Sindical, CTB, CGTB e UGT beijaram a mão da candidata e reforçaram seu compromisso com o governo.

Do outro lado das trincheiras
O dramático é que as maiores centrais sindicais colocam toda sua estrutura a favor de uma candidatura e de um projeto político contra os interesses dos trabalhadores. Agem de forma consciente para enganar a classe, propagando a ideia de que, sob o governo Lula, a vida melhorou. Não foi por menos que, no evento de “lançamento” de Dilma, foi providenciada uma comissão do Dieese a fim de desfiar uma série de números e estatísticas para convencer os trabalhadores de que o governo é bom.

Nem uma palavra, porém, sobre a reforma da previdência, aprovada em 2003, primeiro ano de governo Lula. Nem uma palavra também sobre o arrocho das aposentadorias, o projeto de lei que limita os reajustes ao funcionalismo público, assim como o avanço generalizado das terceirizações, a superexploração e todos os problemas que afligem o dia a dia da classe trabalhadora.

Não são apenas centrais sindicais pelegas, que tentam impedir a eclosão de lutas e mobilizações. São aparelhos sindicais atados ao governo a fim de facilitar a aplicação de sua política neoliberal contra os trabalhadores. Ou para eleger seu candidato nas próximas eleições.

Quem paga a banda…
O atrelamento das maiores centrais sindicais ao governo não se dá apenas por ideologia. Com o governo Lula e o chamado “reconhecimento” das centrais, uma parte da reforma sindical aprovada pelo governo em 2008, elas passaram a receber diretamente milhões do imposto sindical.

Só em 2009, CUT, Força Sindical, CTB, NCST, CGTB e UGT dividiram nada menos que R$ 80 milhões do imposto sindical. Prevê-se que, para 2010, esse montante chegue a R$ 100 milhões. Só a CUT abocanhou R$ 26 milhões, enquanto a Força Sindical ficou com R$ 22 milhões (veja acima).

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