Em 1910, na Segunda Conferência Internacional de Mulheres, na Dinamarca, a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs um Dia Internacional da Mulher para lembrar a luta das trabalhadoras do mundo por melhores condições de vida e trabalho. Hoje, cem anos depois, as mulheres continuam nas ruas exigindo seus direitos.
As transformações que ocorreram no mundo do trabalho, na segunda metade do século 18, resultaram na Revolução Industrial. As mulheres foram colocadas na produção, entrando em massa nas fábricas.

Porém, essa inserção se deu de forma bárbara, com os patrões usando a opressão sofrida pelas mulheres e seus mitos para justificar a superexploração. Além de jornadas de trabalho que chegavam a 17 horas e das condições de trabalho insalubres, iguais às dos trabalhadores homens, as mulheres tinham de conviver com violência sexual, espancamentos e salários muito mais baixos.

Quando as manifestações operárias surgiram na Europa e nos Estados Unidos, reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias, as mulheres se incorporaram e nunca mais deixaram de enfrentar os governos e os patrões e de lutar contra o machismo. Neste cenário que surgiu o Dia Internacional das Mulheres e, em 1911, mais de um milhão de mulheres se manifestaram na Europa.

Séculos depois
As mulheres ainda são tratadas como mão de obra barata e objetos sexuais. São comparadas a marcas de cervejas, são ofendidas em letras de músicas e programas de TV, nas ruas, no trabalho, em escolas e universidades.

Apesar de serem 50% da população mundial e 41% da população economicamente ativa, a situação das trabalhadoras no mundo é de barbárie. Dados do Unicef e da Unesco revelam que dos cerca de um bilhão de analfabetos existentes, dois terços são mulheres. Dos mais pobres do mundo, 70% são mulheres. Ainda segundo o Unicef, 25% das mulheres latino-americanas já sofreram algum tipo de violência em casa.

A luta constante das mulheres trabalhadoras, seja por salários melhores, creches, direito de decidir sobre seu corpo ou direito ao voto, seja contra a violência doméstica, ao longo do tempo, deu origem a grupos de mulheres em sindicatos, organizações estudantis, partidos políticos e ONGs.

Um longo caminho
Nos anos 1980, no Brasil, homens e mulheres trabalhadores varriam dos sindicatos os traidores, lutavam contra a ditadura, por aumento de salários e condições dignas de trabalho. Ao mesmo tempo, as mulheres criavam departamentos femininos nos sindicatos para discutir e dar lugar às lutas específicas nos locais de trabalho. Elas também se organizavam nos bairros para reivindicar creches e lavanderias públicas.

Grande parte das mulheres não se calava mais diante de espancamentos e assassinatos feitos por seus maridos e namorados, justificados como crimes de honra. Foi assim que o Encontro Feminista de Valinhos, em São Paulo, teve como uma de suas resoluções a “recomendação da criação de centros de autodefesa” para coibir a violência contra a mulher. Surgiu o lema “Quem ama não mata”.

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