Ocupação é parte da onda de protestos que toma o país desde Junho

A ocupação da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte resiste há quase uma semana

A cidade, que foi alvo da imprensa nacional nos últimos meses, tanto pela aprovação do projeto de lei que reduz em até 40% a remuneração dos professores, quanto pelo último escândalo na compra exacerbada de material para a limpeza da Câmara, conhecido como a “Farra das Vassouras”, hoje, vive um momento histórico de resistência e combate à corrupção e descaso com os serviços básicos à população.

Manifestantes de diversas tendências e organizações, estudantes e trabalhadores, na tarde da terça feira (10), ocuparam a Câmara de Vereadores com o intuito de pressionar as autoridades locais para solucionar uma série de problemas que atinge a população de forma geral. A insatisfação é desde a privatização de hospitais, fechamento de escolas, mobilidade urbana etc. A ocupação exige passe livre estudantil, assim como exige a punição dos vereadores envolvidos nos escândalos de corrupção.

Como em diversas partes do país, os manifestantes têm dado um exemplo de organização, ação direta e democracia de base. Em si, a própria ocupação é um questionamento à ordem política vigente e um indicativo da necessidade de sua superação.

A juventude de Juazeiro que, na década de 1980, foi a primeira no Brasil a sair às ruas pelo “Fora Collor”, demonstra sua força e resistência contra a política coronelista estabelecida na cidade, exigindo mudanças estruturais ao apresentar um conjunto de pautas específicas para os inúmeros problemas insustentáveis vividos pela população.

Até agora, os vereadores foram incapazes de apresentar propostas concretas de mudança. Isto porque o compromisso daqueles que ocupam as cadeiras da Câmara não é com os trabalhadores e juventude de Juazeiro, mas com as empresas que financiam suas campanhas em época de eleição e, misteriosamente, sempre vencem as licitações realizadas pelo Município.

Os manifestantes estão acampados na Câmara porque, embora ela apareça como a “Casa do Povo”, de fato, ela é hegemonizada pelos representantes dos interesses da burguesia local, legislando de costas para população. Nesse sentido, é possível que quando voce esteja lendo esta nota, a juventude talvez já esteja enfrentando ou já terá enfrentado uma invasão militar do prédio.

Por isso, os jovens que ocupam o legislativo municipal de Juazeiro do Norte precisam da solidariedade ativa dos que lutam pelo atendimento das reivindicações populares, afinal essa luta não é só deles e, além do mais, é parte da onda de protestos que tem tomado conta do país, desde as jornadas de junho.