No dia 15 de novembro teremos as eleições municipais no Rio de Janeiro. Serão eleições realizadas sob o signo de uma pandemia que já matou mais de 20 mil pessoas no estado e mais de 160 mil em todo o Brasil. Atualmente, são quase 60 pessoas mortas por dia no estado.

A pandemia trouxe consigo um agravamento das situações na Saúde, Educação, e, principalmente, econômica.

Milhares de brasileiros, fluminenses e cariocas perderam seus empregos ou sua fonte de renda básica. Ao mesmo tempo em que os banqueiros de sempre seguem lucrando bilhões e ficando cada dia mais ricos.

Diante desta situação, o carioca é chamado a eleger o prefeito da cidade. Em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, Eduardo Paes (DEM) é o favorito para ganhar estas eleições, canalizando a grande insatisfação com o governo de Marcelo Crivella (Republicanos). O que pouco se diz é que Paes fez parte da base de apoio dos governos Lula e Dilma, e surfou a onda do boom das commodities, quando os royalties faziam jorrar milhares de dólares em nossa cidade.

No seu governo, as OS’s (Organizações Sociais) se proliferaram. Foi uma forma de entregar a Saúde a empresários ao mesmo tempo em que a prefeitura arcava com os ônus. E a maioria das OS’s se mostraram corruptas e ineptas.

Citado como “bom administrador” por Bolsonaro, Paes foi campeão na concessão de isenções fiscais a grandes empresas, e acabou réu por este motivo. Parte da população compara seu governo com o de seu sucessor, o atual prefeito, e conclui que Paes foi “menos pior”.

E o atual prefeito da cidade, o inominável Marcello Crivella, que possui o apoio de Bolsonaro e que foi ministro do Lula, aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. Como prefeito se envolveu em dezenas de escândalos e declarações inaceitáveis. Em um dos maiores temporais da história do Rio, em que houve diversas vítimas fatais, disse tratar-se apenas de uma “chuvinha”. Durante a Bienal do Livro tentou proibir uma revista com uma cena de beijo entre dois rapazes, e em plena pandemia desviou recursos e materiais para dentro de uma igreja evangélica.

Crivella promoveu um verdadeiro desmonte da saúde primária, demitindo milhares de trabalhadores da saúde e fechando centenas de equipes de saúde da família, deixando o que já era ruim ainda pior.

Para piorar ainda mais, criou um esquema de favorecimento a seus eleitores e correligionários onde dizia que não era necessário pegar a fila de espera, “bastava ligar para a Márcia”. E como se tudo isso fosse pouco, disputou e conseguiu o apoio de Bolsonaro à sua candidatura.

Marta Rocha, a candidata do PDT, foi chefe da Polícia Civil do Rio nos tempos de Cabral,  e não fez absolutamente nada para combater o que havia de mais criminoso no estado, o seu chefe e governador.

Mas se empenhou na campanha de criminalização das Jornadas de Junho de 2013, com diversas declarações contra o movimento Black Bloc: “Eles tão pegando carona em outras questões legítimas, não para participar dessa manifestação, mas para destruir a nossa cidade”. “Esse tipo de gente não sai de casa para fazer manifestação, e sim para praticar delitos” “Ninguém aguenta mais essa situação dessas manifestações sempre terminarem em violência.” “Nós olhamos esse grupo [de presos] como um bando, no conceito do Código Penal.”

No site da Delegada, ela responde a acusação de ser responsável pela prisão de Rafael Braga, jovem detido portanto um frasco de água sanitária e outro de desinfetante, que os policiais consideraram se tratar de um coquetel Molotov, dizendo que “o Tribunal de Justiça confirmou a prisão e, inclusive, negou pedidos de soltura baseado nas evidências apresentadas”. O laudo produzido pela própria Polícia Civil, chefiada pela Delegada, atestou que o potencial explosivo das substâncias era ínfimo. Mas Rafael, homem jovem, negro e pobre, foi condenado a 5 anos de prisão.

As candidaturas da esquerda

Benedita da Silva (PT) vem como a candidata de esquerda com mais possibilidades de ir ao segundo turno. É uma politica conhecida na cidade e já governou o estado por alguns meses. Foi deputada federal por diversos mandatos.

Apoiadora de primeira hora do governo Lula, era parte deste governo quando se resolveu pela ocupação do Haiti com tropas brasileiras. O resultado desta aventura a serviço do Tio Sam foi milhares de haitianos mortos, de haitianas estupradas e filhos de soldados brasileiros abandonados no país.

Para alguém que sempre usou os temas raciais como bandeira, o silêncio sobre este tema é ensurdecedor. Nunca denunciou o crime cometido pelos petistas ao fazerem tais acordos.

Ela governou o Rio junto com Antony Garotinho, em um mandato cheio de corrupção, e chegou a assumir o governo quando este renunciou para se candidatar a presidente da República.  Depois esteve no governo de Cabral, no qual foi Secretária de Estado de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, quando foi árdua defensora das UPP’s, defendendo que aquele era o “melhor caminho” para a “pacificação” e elogiando o “esforço e a coragem” de Sérgio Cabral em implementá-las. Já durante a sua campanha para prefeita, Benedita defendeu em vários momentos a aliança do PT com o ex-governador. “Essa aliança foi importante para o Estado e para a Cidade do Rio”.

Já a Renata Sousa é a candidata de um PSOL em crise de projetos e em descenso eleitoral profundo. A defesa enfática de uma Frente Ampla, a busca de aliados que até podem dar votos (como Guilherme Boulos), mas que não agregam nada ao projeto por serem mais lulistas que o Lula, a aceitação de dinheiro vindo de empresários, (como no caso do candidato a vereador Wesley Teixeira, de Duque de Caxias, que recebeu dinheiro do mega banqueiro Armínio Fraga), vem tirando deste partido as já poucas possibilidades que ele evoluísse positivamente.

A campanha de Renata e seu vice Ibis Pereira (coronel e ex-comandante da PM do RJ) não defende sequer a ruptura do município com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estrangula o investimento nas áreas sociais para priorizar o pagamento da dívida pública. Também não propõe a estatização do sistema de transportes na cidade. Dizem que “é possível administrar sem fechar acordos espúrios com os empresários que lotearam a cidade”, mas não parecem estar muito dispostos a romper esses acordos. Nada de novo: enquanto as intenções de voto e aparição do partido diminuem, principalmente desde a recusa de Freixo em se candidatar, cresce a semelhança com o PT. Na verdade, os programas de ambos os partidos são idênticos, e o PSOL tem se apresentado como seu sucessor natural e não sua superação.

As candidaturas do PSTU: Raça e classe para construir uma alternativa socialista e revolucionárias

As candidaturas do PSTU foram construídas para mostrar aos trabalhadores e ao povo carioca que não existe saída para nós sem uma luta profunda para transformar toda a sociedade.

Os problemas mais sentidos do povo como saúde, educação, moradia, transporte, emprego e renda, tem uma solução simples, mas exigem medidas drásticas. É preciso acabar com a mamata dos ricos e poderosos, as grandes empresas do Rio de Janeiro devem mais de 50 bilhões em impostos atrasados. O perdão fiscal, a prática de não cobrar impostos dos mais ricos somam mais de 9 bilhões, e a corrupção leva outra parte disto tudo.

No centro de nossa cidade há 5 mil imóveis em condição de uso abandonados para fins de especulação imobiliária.

Nós dizemos que os ricos devem pagar tudo o que devem ao município, e que a empresas devem pagar os impostos perdoados, com isso se teria dinheiro para resolver muitos problemas, entre eles o de fazer um Plano de Obras Públicas, com a construção de hospitais e creches por exemplo, que garantiria renda para os trabalhadores e melhores condições de vida para a população.

Por outro lado os imóveis vazios das grandes construturas devem servir para abrigar os sem-teto, e remover os moradores de áreas de ricos.

Todos os corruptos e corruptores devem ter seus bens confiscados e colocados a serviço da população.

Nós queremos fazer tudo isso baseado em Conselhos Populares, um organismo eleito nas escolas, universidades, bairros e fábricas, com delegados que possam ser substituídos a qualquer tempo, e que possam decidir sobre o conjunto das atividades da Prefeitura.

Queremos desmilitarizar a Polícia Militar, colocar seus oficiais sob controle das tropas e da população, com eleições que definam os comandantes.

Queremos que a classe trabalhadora tenho o direito a autodefesa, para se defender dos bandidos, da milícia e dos maus policiais.

Fazer isso é transformar o Rio de Janeiro em uma trincheira para a transformação em todo país.

Por isso é tão importante, e útil, votar no PSTU, porque assim se fortalece uma alternativa diferente de todas as que estão aí, uma alternativa que quer enfrentar e derrotar os ricos e poderosos e governar com os trabalhadores e o povo pobre.