Retroescavadeira derruba casa no Pinheirinho

Em outras, pertences simplesmente desapareceramA situação é alarmante a situação dos moradores despejados do Pinheirinho. A todo o momento, eles retornam do bairro em prantos. Ao chegarem para retirar seus pertences, muitos estão se deparando com as casas já demolidas. Em outras, os bens desapareceram. Nesta quarta, às 10h, vai acontecer uma coletiva de imprensa para que os moradores denunciem essa e outras violações bárbaras de direitos humanos.

Maria Conceição disse que chegou em frente à sua casa e a porta estava arrombada. Do lado de fora, estavam jogadas apenas a cama e uma estante. Todo o restante – eletrodomésticos, móveis, roupas, objetos pessoais – tinham desaparecido. “Minhas compras, estava tudo jogado, até ovo jogado na casa tinha”, conta.

O metalúrgico Gerson viu sua casa no chão sem ter retirado nada. “A polícia está trocando o número das casas”, disse. Dentro do imóvel, tinha eletrodomésticos, móveis, um notebook e objetos pessoais.

Muitas pessoas estão só com a roupa do corpo, e algumas não têm sequer documentos, pois a polícia não deu tempo suficiente para se retirarem dos imóveis no domingo. Uma senhora declarou que está com medo de sair, ser morta pela PM e enterrada como indigente.

O casal Sônia e Dênis teve o lacre da casa estourado e seus bens todos quebrados – louças, eletrodomésticos e até uma geladeira de vidro que ela tinha no bazar que mantinha na frente de casa. “Parece que tinham feito uma festa”, falou Sônia indignada. Ela contou que, quando um morador reclama, a polícia está agindo com violência, mandando calar a boca.

Fábio Santos contou que conseguiu pegar algumas coisas debaixo dos escombros. A casa também foi derrubada sem que ele retirasse nada. Ele vivia com a esposa e três filhos de idade entre seis meses e seis anos.

Quem vai pagar?
O Pinheirinho está completamente cercado pela Polícia Militar, com um efetivo gigantesco. A toda hora, vimos chegar ônibus da empresa Pássaro Marrom lotados de policiais. A entrada no Pinheirinho está terminantemente proibida sem a autorização da PM. Se só a polícia teve acesso aos bens, então é ela que deve dar explicações imediatamente sobre como os pertences sumiram. Além disso, alguém terá de pagar pelos prejuízos com as casas destruídas e os bens que nelas estavam.

Guerra
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o secretário geral da Presidência da República classificou a situação aqui em São José dos Campos como “Praça de Guerra”. No domingo, o secretário especial da Presidência foi ferido pela polícia com bala de borracha na perna ao visitar o local.

Se a situação é de guerra, é obrigação do governo federal intervir, em caráter de urgência, no conflito. A presidente Dilma Rousseff tem de desapropriar imediatamente o terreno do especulador e corrupto Naji Nahas. Essa tragédia humana já tomou proporções imensuráveis e não pode se ampliar.

Revisada em 24/1/2012, às 14h49