Os trabalhadores das fábricas da Volkswagen e Porsche no mundo reuniram-se em Stutgart, na Alemanha, nos dias 18 a 20 de maio. No V Conselho Internacional dos Trabalhadores da Indústria Automobilística, eles aprovaram uma carta que consolida uma relação entre os trabalhadores da empresa ao redor do planeta, indentificando que os problemas sofridos são comuns a todos.
Rogério Romancini, um dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e trabalhador da planta Anchieta da Volks no Brasil, estava presente ao encontro. Ele fora demitido em fevereiro passado e teve a reintegração ordenada pela Justiça neste mês de maio. As demissões políticas foram um dos temas em debate.
Abaixo, publicamos, na íntegra, o texto de Sttutgart.
CARTA VOLKSWAGEN
Stuttgart, 19 de maio de 2007
Se não for agora, então quando é que será?
Nós, trabalhadores de 12 fábricas da multinacional Volkswagen e Porsche, reunidos de 18 a 20 de maio no V Conselho Internacional dos Trabalhadores da Indústria Automobilística, ocorrido na cidade de Stuttgart, Alemanha, constatamos que possuímos, em todos os países, os mesmos problemas.
As empresas procuram nos dividir, em todas as fábricas do mundo, através do deslocamento da produção de uma fábrica para a outra. Não vamos tolerar que isso aconteça!
Nós, trabalhadores de todos os países, estamos cada vez mais cerrando as nossas fileiras! Queremos nosso Direito ao trabalho sem sermos chantageados.
Exigimos nosso Direito a uma relação de emprego estável, com a qual possamos assegurar uma vida digna a nós mesmos e a nossas famílias.
Temos, também, o direito de agirmos politicamente, lutarmos e fazermos greve de modo independente, sem intromissão dos que agem colaborando com os interesses das empresas.
É nossa tarefa, enquanto trabalhadores, e também de nossos representantes sindicais a de lutar pelos interesses e as aspirações dos trabalhadores, atuando para isso de maneira ativa.
Criticamos e repudiamos toda medida dirigida no sentido de subjugar os interesses dos trabalhadores aos interesses da lucratividade, na medida em que se colabora com as empresas, em vez de lutar.
Não podemos mais ficar calados, olhando como as firmas nos oprimem, com o auxílio dos governos.
Declaramos expressamente nosso apoio e solidariedade a todos os trabalhadores que foram atingidos por demissões políticas, terceirização, trabalhos de ocasião e contratos determinados ou, ainda, por leis que possibilitam demissões por causa de problemas de saúde e assim o fazemos em todos os países do mundo.
Nossa livre organização sindical, nosso Direito à liberdade de expressão e imprensa, nosso Direito de reunião e de organização, nosso Direito de greve são intocáveis!
NÃO aos trabalhadores fura-greves!
POR uma livre atividade sindical: Precisamos de sindicatos fortes e ativos!
PELA redução do tempo de trabalho, com plena manutenção dos salários, em vez de desmontagem dos postos de trabalho!
Comprometemo-nos a trocar informações e a chegarmos a compromissos, a fim de impulsionar ações comuns no futuro.
Lutar em escala multinacional e para além das fronteiras é o mandamento da hora!
Se não for agora, então quando é que será?
Se não for aqui, diga-me o lugar e a hora!
Se não formos nós, quem é que será então?
Já é hora, vamos lutar juntos, em uma grande união!
ASSINAM: Trabalhadores de 14 plantas da Vw-Audi-Porsche, presentes no 5º Conselho da Indústria Automobilística em Sttugart, Alemanha. São elas:
Brasil, Planta Anchieta
México, Planta Puebla
África do Sul
Espanha, Seat/Barcelona e Planta Vw Pamplona
Bélgica, Planta Bruxelas
Alemanha, Planta Hannover Kassel Dresden Chemnitz Salzgitter Braunschweig, Planta Audi de Neuckarsulm e Porsche Sttugart