Publicamos, abaixo, a carta do dirigente do Movimento de Oposição Metalúrgica (MOM) e sindicalista da Oposição Sindical de Camaçari, em que anuncia sua desfiliação do PSOL e ingresso no PSTUCom a chegada de Lula à presidência, as mascaras do PT e do PCdoB como partidos das lutas caíram. Lula, PT e PCdoB, apoiados pela CUT (e agora também pela CTB) e por uma série de dirigentes sindicais, como os do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA), passaram para o lado dos patrões e começaram a fazer uma política que nem de longe interessa aos trabalhadores, em especial à classe operária, da qual eu (assim como lula foi um dia) faço parte.

O salário de fome pago aos trabalhadores e as tentativas de retiradas de direitos são as principais características desse governo que a cada dia decepciona milhões de trabalhadores que, assim como eu, esperavam mudança.

Na tentativa de dar uma resposta à traição de Lula/PT/PCdoB, eu e diversos sindicalistas e militantes dos movimentos sociais decidimos entrar no PSOL, partido esse que estava sendo construído pelos parlamentares que foram expulsos do PT.

Depois de dois anos militando e construindo o partido, vejo-me dentro de um novo PT. Internamente, o PSOL continuou a tradição do PT, em que quem manda são os parlamentares e seus acessores, que pela imprensa implementam a linha do partido. Outro elemento que, na minha opinião, vai de encontro a um partido socialista é a forma de construção do partido, qualquer oportunista ou até mesmo figuras da direita têm acesso livre ao partido. Uma prova disso é que em Camaçari e no interior da Bahia, figuras da direita entraram e, mesmo com nossas denúncias, passaram a “construir” o partido com a permissão da direção nacional e estadual.

Além dessas questões internas o PSOL também se assemelha ao PT no que diz respeito ao objetivo eleitoral. Em nome das eleições, pode-se tudo desde filiar pessoas de direita, lançar candidaturas por projetos pessoais sem debate nos núcleos, deixar de construir e impulsionar a luta dos trabalhadores e, agora, dando o passo final, fazer coligações com partidos burgueses como o PV, PPS, PSB e PDT. Eu, por exemplo, estava cotado para ser um dos candidatos do PSOL em Camaçari, entretanto abdiquei dessa tarefa para não correr o risco de enganar os trabalhadores e preferi apostar todas as minhas fichas na reorganização da classe trabalhadora e na construção da Conlutas.

O PSOL como partido que reivindica o socialismo até agora não se diferenciou de partidos que apóiam os governos de colaboração de classes e nacionalistas burgueses. Um exemplo é apoiar o Governo Chávez na Venezuela, que acaba com qualquer autonomia do movimento sindical, reprime greves, como fez recentemente com a Sidor, e persegue os ativistas que constroem a luta da classe operária de forma autônoma e independente como Chirino.

Portanto, se um partido de esquerda não se identifica com as lutas dos trabalhadores, não defende fielmente a bandeira dos trabalhadores nas portas de fábricas, nas ruas, nas demissões ilegais, não faz nenhum sentido eu, como Operário, Socialista e Revolucionário, dedicado às lutas dos trabalhadores e combatente ao capitalismo e à exploração humana, permanecer no PSOL.

Devido ao modelo da construção e aos rumos que o Partido Socialismo e Liberdade está tomando, entendo como uma forma mais eficiente e adequada, de não fugir das lutas dos trabalhadores brasileiros, por ser um Operário Socialista, pedir a minha desfiliação ao PSOL.

Quero pedir desculpas aos filiados e a toda a militância valorosa que acredita, assim como eu acreditava que o partido era uma alternativa e espero que os companheiros visualizem o rumo e os métodos do PSOL, assim como eu enxerguei, da Direção em relação à Base.

No quadro nacional do nosso país, o partido que realmente defende os princípios do povo oprimido e dos trabalhadores, sem sombra de dúvida, é o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). O partido da classe operária, revolucionário que esteve e está presente nas lutas, nas portas de fábricas, como na GM, contra os ataques aos direitos dos trabalhadores, combatendo as demissões ilegais, como na Ford de Camaçari, na luta contra a transposição do Rio São Francisco. O PSTU constrói a Conlutas, central sindical e popular que vem cumprindo o papel de construir a luta dos trabalhadores em todo o pais. Enfim, na luta nos Movimentos Sociais, defendendo com unhas e dentes, a mudança, a transformação socialista voltada para os trabalhadores e para suas famílias terem, um dia, uma vida melhor e mais digna.

Gostaria que, assim como eu, os companheiros lutadores do PSOL refletissem sobre os rumos desse partido e viessem construir uma ferramenta revolucionária para nossa classe, viessem construir e fazer uma experiência com o PSTU.

Nesse momento faço um chamado a todos os lutadores para conhecerem o PSTU! Os sindicalistas e trabalhadores do ramo metalúrgico, do ramo da construção civil, químicos e petroleiros, dos bancários, do funcionalismo público, dos professores, pescadores e trabalhadores do ramo informal e todos os brasileiros internacionalistas que acreditam que a bandeira dos trabalhadores é a mais importante de todas as classes, por que sustentam o poder econômico de qualquer país.

Jose Wellington, o “Índio”
Líder do Movimento de Oposição Metalúrgica (MOM)
Sindicalista da Oposição Sindical de Camaçari
4 de abril de 2008