Salvador, 23 de julho de 2002.

Prezado Varela,

A propósito de um comentário seu no dia de ontem, quando afirmou desconhecer Zé Maria, candidato à presidência da República pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU, gostaria de fazer alguns esclarecimentos acerca da candidatura de José Maria de Almeida à presidência do Brasil, que muitos confundem como candidaturas de partidos ditos “nanicos”. Para começar gostaria aqui de evocar o pronunciamento insuspeito do Ministro José Gerardo Grossi, do TSE, que afirmou “É inegável que o PSTU tenha razões sérias para ter um candidato, ainda que mais tarde ele apóie outro candidato. Eles têm uma ideologia absolutamente exclusiva, são de extrema esquerda. É bom para o processo eleitoral que eles tenham um candidato”. (A Tarde, 06/07/2002)

Enquanto partido ideológico, temos lutado por nos distinguir dos “partidos nanicos” que muitas vezes são legendas criadas apenas para a barganha política e para vender seu tempo na TV. Lamentamos que isso ocorra, mas registramos que o mínimo que se poderá fazer para informar a população com isenção sobre os candidatos e seus partidos, seus programas e propostas, será dedicando igual atenção a todos, sem juízo de valor, definidores, a priori, que “esses” são os “candidatos” mais importantes e não aqueles. Nesse sentido denunciamos o desserviço prestado à população da parte de algumas emissoras de TV e rádio que seguem realizando longas entrevistas com apenas quatro candidatos à presidente, quando existem seis, em flagrante desrespeito à legislação em vigor. Dessa forma, ficará realmente difícil para aqueles que não ainda conhecem, conhecer Zé Maria, o PSTU e suas propostas.

No nosso estado, o PSTU também lançou candidatos ao governo e ao senado. Ao governo o partido lançou a mim, Carlos Zacarias, professor universitário de história e ex-dirigente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, ANDES-SN, e dirigente da Associação de Docentes da Universidade do Estado da Bahia, ADUNEB-Ssind. Ao senado o PSTU apresentou Luís Carlos França, primeiro candidato negro ao senado da República pela Bahia, dirigente do SINDADOS e da CUT-BA. Ao parlamento federal e estadual foram lançados dois e quatro candidatos, respectivamente, todos ligados ao movimento sindical e popular do nosso estado. Portanto reivindicamos a atenção que é dispensada a partidos desta natureza em alguns países e para esclarecer a trajetória de Zé Maria, relacionamos abaixo alguns trechos da sua militância na vida sindical que é, também, uma vida pública:

    1. Em 1975, José Maria de Almeida, o Zé Maria, iniciou sua militância política e sindical em Santo André-SP, ainda sob a ditadura militar;

    2. Em 1977, distribuindo boletim sindical foi detido e permaneceu preso por 34 dias sofrendo inúmeras torturas;

    3. Em 1978, quando fundou a corrente política Convergência Socialista que lutava contra a ditadura, foi mais uma vez preso ficando nos cárceres desta vez por 13 dias;

    4. No ano seguinte liderou, com outros companheiros, a primeira greve geral dos metalúrgicos de Santo André. Tal greve não reivindicava apenas melhores salários, mas um Brasil mais justo e democrático com eleições diretas para presidente;

    5. Neste mesmo ano propôs no Congresso dos Metalúrgicos a fundação de um Partido dos Trabalhadores;

    6. Em 1980 foi preso junto com Lula e outros dez sindicalistas do ABC e enquadrado na Lei de Segurança Nacional;

    7. Em 1983 foi delegado sindical na fundação da Central Única dos Trabalhadores;

    8. Tendo sido demitido, segue para Minas Gerais em 1984 e já em 1987 foi eleito diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de BH e da CUT-MG;

    9. Em 1989, foi principal dirigente da greve e ocupação da Manesmann que durou 11 dias;

    10. Em 1991 foi eleito pela primeira vez para compor a executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores – CUT, entidade que representa milhões de trabalhadores em todo o país;

    11. Em 1992 foi expulso do PT junto com a Convergência Socialista por defender a bandeira do “Fora Collor”;

    12. Em 1994 fundou o PSTU e foi eleito para a sua direção;

    13. Em 1998 foi pela primeira vez candidato à presidente da República pelo PSTU tendo obtido 204 mil votos;

    14. Em 1999 organiza, com outros setores dos movimentos sindical e popular, a marcha dos Cem mil à Brasília pelo Fora FHC e pelo rompimento com o FMI;

    15. Entre 2000 e 2002, como membro da executiva da CUT e dirigente do PSTU, seguiu lutando por um Brasil mais justo e socialista, organizando os trabalhadores e participando de inúmeras greves e manifestações, inclusive aquelas antiglobalização que tem arrastado multidões pelo mundo afora.

Como vê, Zé Maria não pode ser desconhecido dos trabalhadores que o elegeram sucessivas vezes para dirigir suas categorias e a própria CUT. Se, no que tange às regras eleitorais, o PSTU pode ser considerado um partido pequeno, no que se refere às lutas cotidianas da classe trabalhadora este partido já é um patrimônio que orgulha a todos aqueles que lutam por uma sociedade livre e igualitária, sem exploradores nem explorados. Essa sociedade para nós tem um nome, que é o nome do socialismo.

Colocando-me a disposição para qualquer esclarecimentos e a necessária discussão do programa e das propostas do PSTU para a Bahia, despeço-me do prestimoso apresentador que é você, Varela, e seu prestigiado programa e telespectadores.

Cordialmente,

Carlos Zacarias F. de Sena Júnior
Presidente Estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU

Candidato a Governador do Estado

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