Depois da greve vitoriosa da construção civil, Fortaleza vive paralisações e passeatas dos motoristas de ônibus da cidade. Publicamos, abaixo, nota de apoio da Conlutas à categoriaA imprensa reacionária divulga informações distorcidas dando conta de que um pequeno grupo de desocupados paralisou a cidade. Não se trata de desinformação, mas de má-fé. Por trás desse discurso está a defesa – sem meias palavras – dos interesses empresariais. Por trás desse discurso está também a tentativa de esconder da população o que verdadeiramente acontece.

De fato, uma rebelião de base comove Fortaleza. Motoristas, cobradores e fiscais se levantam contra a patronal que ganha rios de dinheiro e tenta impor um reajuste miserável de 5%. Motoristas, cobradores e fiscais, no entanto, se levantam também contra uma direção sindical que faz o jogo dos patrões e o seu próprio jogo e, para tanto, não se envergonha de assinar um acordo miserável que sequer repõe as perdas inflacionárias. Estamos falando, é claro, da direção do Sintro. É ela a responsável pelo pior acordo salarial de todas as categorias organizadas da grande Fortaleza. Em 1998, o piso dos motoristas equivalia a 4,7 salários mínimos. Em 2007, esse valor equivalia a apenas 2,4. Com 5%, esse quadro se agrava.

Eis o que explica a rebelião de base que comove a capital cearense. Num momento como esse, os pobres que dependem de transporte coletivo são destacados em seu sofrimento pelos grandes meios de comunicação. Só em situações assim, os pobres são lembrados. São esquecidos, contudo, cotidianamente, uma vez que grande parte não tem dinheiro para pagar a tarifa dos coletivos e os que podem andam como se andassem numa lata de sardinha. Na realidade, os que precisam do transporte coletivo estão sendo citados apenas na medida em que isso serve para que os ricos e os seus defensores possam jogar a população contra os trabalhadores. Nas duas últimas semanas, houve um esforço para jogar os populares contra os heróicos operários da construção civil. Chegou a vez dos rodoviários!

Nós, que constituímos a Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), seção Ceará, sentimo-nos orgulhosos de haver apoiado a greve do operariado da construção civil e, agora, uma vez mais, estamos ao lado dos trabalhadores, só que dos trabalhadores rodoviários contra os patrões e as direções sindicais pelegas. A Conlutas surgiu para coordenar as lutas da classe trabalhadora, pois a CUT e a Força Sindical estão de mãos atadas. Defendem, hoje, os interesses materiais dos seus dirigentes e abandonaram a luta da nossa classe.

Na verdade, a Conlutas cumpre o papel que cabe efetivamente a uma central sindical e popular: apoiar as lutas pelos interesses imediatos e históricos dos explorados e oprimidos de todo país. De qualquer modo, não custa lembrar: nós não inventamos as greves e as lutas, pois estas surgem das necessidades reais dos assalariados e pobres dos quatro cantos do mundo; apenas as apoiamos e buscamos fortalecê-las. Essa é a razão de ser da nossa existência. Afinal, se não fosse assim, para que serviria uma central sindical e popular? Não podemos e não fazemos como a CUT que diz que a greve é ilegal. Ilegal é a exploração da patronal sobre os rodoviários; ilegal é o acordo firmado pela diretoria do Sintro; isso, sim e não a greve dos trabalhadores dos transportes coletivos.

Por fim, reafirmamos o nosso integral apoio às mobilizações e paralisações dos rodoviários. Fazemos nossa a sua luta e as suas reivindicações. Exigimos da patronal e das chamadas autoridades constituídas que desçam dos seus pedestais, que escutem as propostas de uma categoria cujos salários vêm se defasando ao longo dos últimos anos, em particular pela política traidora da sua direção sindical.

  • Viva a greve dos rodoviários! Por um reajuste salarial de verdade!
  • Abaixo os pelegos do sindicato! Por uma nova direção para o Sintro!
  • Até a vitória!