A CUT Morreu. Vida Longa à Luta dos Trabalhadores!

O presidente da CUT, Luiz Marinho, acaba de assumir o Ministério do Trabalho. Institucionaliza-se assim o atrelamento político da CUT ao governo, num momento em que Lula precisa especialmente de apoio, já que se encontra acuado por graves denuncias de corrupção que atingem seu governo e o seu partido, o PT.

O gesto do presidente da CUT coincide com o anuncio do apoio do governo à proposta do deputado Delfim Neto – o chamado “Déficit Zero” – ou seja, de um aperto ainda maior no ajuste de caráter neoliberal já promovido no país. Não se pretendeu, portanto, reforçar qualquer idéia de mudança nas atuais políticas econômicas, desmoralizando de vez a pretensa defesa de mudanças nestas políticas presente na retórica da Central.

A integração da CUT ao governo responde, pura e simplesmente, à decisão da Central de apoiar o governo, um apoio tanto maior e mais explicito quanto maior é a crise e o grau de questionamento a que este governo estiver submetido.

Não é razoável, então, acreditar que seja possível lutar contra este governo (e suas políticas econômicas, sua reforma sindical/trabalhista, etc) sem lutar contra a própria CUT. Por outro lado, o resultado da última Plenária Nacional da Central tratou de demonstrar, mais uma vez, que a possibilidade de uma mudança “por dentro” na Central é nula, não existe.

O que se coloca hoje, é a necessidade de construirmos uma alternativa, uma nova ferramenta para as lutas dos trabalhadores, para defender seus direitos e interesses imediatos e históricos. A construção desta alternativa, por sua vez, deve se dar conjuntamente com o impulsionamento da mobilização social: pelo atendimento das reivindicações dos trabalhadores em luta, contra a corrupção, contra as reformas neoliberais e as políticas econômicas do governo Lula e do FMI.

Dia 17 de agosto realizaremos uma grande manifestação em Brasília levantando estas bandeiras. E acontece, neste dia 20 de julho, reunião para a qual foram convidados todos os setores que quiserem somar forças à sua construção e participarem da coordenação dessa mobilização. Independentemente de a iniciativa de convocar a manifestação ter partido das entidades que compõem a CONLUTAS, a responsabilidade por impulsionar esta luta é de todos os setores que mantém o compromisso com os trabalhadores.

Não há, portanto, nenhuma justificativa para que não se unifiquem os esforços da esquerda para fortalecermos o processo de mobilização dos trabalhadores.

Pó outro lado, desde o início do ano passado, está em curso esforços no sentido da construção de uma alternativa para as lutas dos trabalhadores, classista, democrática, plural do ponto de vista político e pela base. Organizações sindicais e movimentos sociais de todo o país constituíram a Coordenação Nacional da Lutas – CONLUTAS – e, através de inúmeros debates, seminários, encontros estaduais e nacionais vêm debatendo esse assunto, num processo democrático, plural, buscando integrar a base na discussão.

No dia 18 de agosto acontece o segundo Encontro Nacional da CONLUTAS, aberto a toda entidade ou movimento social que queira participar. Na pauta, a convocação de um congresso nacional de trabalhadores para o próximo ano. Um congresso democrático, com delegados eleitos na base, aberto a participação de todas as organizações sindicais e movimentos sociais que queiram construir uma alternativa para a luta dos trabalhadores brasileiros.

No interior da esquerda brasileira existem diversas visões acerca da situação e das perspectivas das lutas dos trabalhadores. No interior da CONLUTAS já se encontram várias dessas visões, outras ainda não. Por isso mesmo o processo é aberto, plural, para que se possa unir a todos. O “novo” que queremos construir terá mais capacidade de unir os trabalhadores nas suas lutas, quanto mais representativo for das diferentes opiniões existentes na esquerda brasileira e na classe trabalhadora.

Mais uma vez, não há nenhuma justificativa para que não se somem todas as forças da esquerda brasileira para a construção dessa alternativa.

É por estas razões que, de novo, nos dirigimos aos valorosos companheiros(as) que ainda permanecem na CUT para fazer um chamado: É preciso virar de vez a página da CUT, romper com esta trava que busca bloquear o caminho das lutas dos trabalhadores.
Vamos somar nossas forças na construção de uma grande manifestação em Brasília, dia 17 de agosto! Vamos somar nossas forças na construção de uma nova ferramenta para as lutas dos trabalhadores brasileiros!

São Paulo, 19 de julho de 2005

Zé Maria (diretor da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais,
representa esta entidade na Coordenação Nacional da CONLUTAS)