Fotos Agência Brasil

Categoria atropela o sindicato, cruza os braços e sofre repressão da PM e da Justiça. Garis dizem que o prefeito Eduardo Paes vai varrer a cidade sozinho

Além dos milhares de foliões que aproveitaram este carnaval para denunciar o machismo, o racismo e a homofobia, e protestar contra os desmandos da Copa e a dupla Cabral e Paes, os trabalhadores da Companhia de Municipal e Limpeza Urbana (Comlurb) do Rio de Janeiro decidiram cruzar os passos e pendurar as vassouras neste carnaval.

Conhecidos como garis, o trabalhadores da limpeza urbana carioca, pedem reajuste salarial de R$ 803 para R$ 1,2 mil; aumento no valor do tíquete alimentação diário de R$ 12 para R$ 20 e o pagamento de horas-extras para quem trabalhar nos domingos e feriados, como previsto em lei. Lideranças do movimento denunciam que durante o carnaval os garis chegam a trabalhar dobrado e não ganham um centavo a mais.

Além da melhoria salarial os grevistas reivindicam melhores condições de trabalho e que a Comlurb abra conversas imediatamente para que possam negociar a volta ao trabalho. O prefeito Eduardo Paes, entre uma bravata e outra, diz não que existe greve e se recusa a discutir as reivindicações.

Recentemente o prefeito “sugeriu” à população ficar em casa para evitar engarrafamentos …

Sindicato “atravessa o samba”
O Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio (SEEACM-RJ), assim como a Comlurb, não reconhece a greve. Ligada à pelega CGTB (Central Geral dos trabalhadores), a direção do sindicato tentou desde o início da mobilização frear de todas as formas o movimento grevista.

O sindicato chegou convocar a greve mas, à meia-noite da sexta-feira (28/2), cancelou a paralisação sem dar qualquer justificativa à categoria. Para piorar, após ser derrotada na assembleia, soltou uma nota dizendo a paralisação foi deflagrada por um grupo de garis “sem representatividade junto à categoria”.

A Comlurb, por sua vez, informou por meio de nota que está em negociação com o sindicato da categoria “como faz todos os anos no período do acordo coletivo”, porém se recusa a falar sobre a paralisação e sobre as providências para solucionar o problema do lixo que vem se acumulando nas ruas da cidade.

Além de questionarem a direção do sindicato e denunciarem a intimidação por parte de gerentes para voltarem ao trabalho, os garis reclamam muito da pouca, quando não tendenciosa cobertura, dada ao movimento pela imprensa. Alegam que estão mobilizados desde o dia 26/2 e que, mesmo com o lixo se acumulando nas ruas em pleno carnaval, sua luta tem tido pouca repercussão.  A TV Globo, que tanto gosta dos garis limpando o Sambódromo ao final dos desfiles, tem preferido entrevistar subcelebridades ….

Justiça declara greve abusiva e PM reprime trabalhadores
Com uma rapidez raramente vista, o Tribunal Regional do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro (TRT/RJ) declarou a “abusividade e ilegalidade” da greve já no dia 1º de março, um sabadão de carnaval. A desembargadora Rosana Salim Villela Travesedo concedeu liminar determinando o imediato retorno dos garis ao trabalho, sob pena de multa diária de R$ 25 mil.

Também no sábado, cerca de mil garis, os líderes falam em 2 mil, participaram de um protesto em frente à prefeitura do Rio. Após realizarem passeata pela Avenida Presidente Vargas os trabalhadores decidiram se dirigir até o Sambódromo.

O protesto foi duramente reprimido pelo Batalhão de Policiamento Militar de Grandes Eventos, o mesmo responsável por reprimir as manifestações contra a Copa e, como sempre, sem identificação nas fardas.

Ainda neste domingo (2/3), um grupo, sem uniforme da Comlurb, escoltado por policiais militares realizou a limpeza da Avenida Rio Branco, por onde desfilaram os principais blocos do Centro do Rio que recebeu o Cordão da Bola Preta.

A greve continua! Vai ter luta no carnaval e na Copa
Em assembleia na manhã desta segunda (3), garis do Rio de Janeiro decidiram continuar a greve. De acordo com a própria Comlurb, dos cerca de 15 mil garis, aproximadamente 3,5 mil estão parados. Já segundo lideranças do movimento o contingente de trabalhadores que aderiram à paralisação está entre 70% a 80% categoria.

É bom lembrar que além dos garis, também se encontram em greve há quase um mês os servidores dos hospitais federais. E está previsto para o dia 17/3 o início da greve dos servidores das universidades federais. Uma marcha a Brasília está convocado para o dia 19/3.

No próximo dia 22 de março, acontecerá em São Paulo, o Encontro Nacional do Espaço Unidade de Ação. O objetivo é reunir milhares de representantes de entidades e movimentos sindicais, estudantis e populares para unificar as mobilizações e organizar os protestos contra a realização da Copa do Mundo no Brasil.

O carnaval continua mais alguns dias, agitado como nunca. E também a disposição de lutas dos trabalhadores e da juventude. Por isso é preciso cercar de solidariedade a greve dos garis e todas outras paralisações. Exigindo dos governos que atendam as reivindicações, denunciando todas as formas de repressão e chamando a unificação das lutas.

Atualização: Dando seqüência à sua intransigência e autoritarismo, o prefeito Eduardo Paes determinou a demissão de 300 garis em greve.  

ACESSE o blog do PSTU-RJ

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