Os problemas que hoje explodem no governo Lula não vêm de agora. Começaram com as prefeituras já na década de 90, tanto na concepção geral da relação com o conjunto do Estado como no tema da corrupção.

Muitos dos que estão hoje no PSTU ajudaram a fundar o PT, quando esse partido expressava um processo de reorganização da classe trabalhadora na década de 80. Quando o PT chegou às prefeituras e começou uma prévia do que seria sua gestão hoje no governo federal, em 1992, se estabeleceu uma diferença que levou à ruptura dos que hoje constroem o PSTU enquanto a maioria dos outros setores de esquerda (Democracia Socialista, O Trabalho, Força Socialista etc.) resolveu ali permanecer, incluindo a maioria dos que estão na direção do P-SOL.

Esses setores, que ficaram no PT, tinham um interesse essencial que era o de buscar cargos, seja com a eleição de parlamentares, seja nas secretarias das prefeituras.
Nós, do PSTU, rompemos quando vimos que o PT abandonava cada vez mais as lutas dos trabalhadores para se transformar numa máquina eleitoral, recebendo dinheiro da burguesia e da corrupção. Se desejássemos ter parlamentares e ministros, não teríamos rompido naquele momento com o PT.

Hoje vemos como estávamos certos, ao ver a esquerda petista ainda agarrada ao PT, apesar de se comprometer assim com o mensalão e toda a corrupção do governo. As conseqüências são graves. Quando as massas rompem com o PT, estão rompendo também com esses grupos.

De onde sai o dinheiro das campanhas eleitorais?
Há muito que as correntes do PT aceitam dinheiro das empresas

Roberto Jefferson é um corrupto que está falando algumas verdades. Ao ser apanhado com a boca na botija nos Correios, resolveu denunciar outros casos de corrupção no governo, para não cair sozinho. Uma das denúncias de Roberto Jefferson é claramente verdadeira: ele afirma que praticamente todas as campanhas dos partidos do parlamento têm um caixa dois em seu financiamento, sendo declarados dez vezes menos do que se gasta. Basta ver as campanhas caríssimas que o PT e o PSDB fizeram para as prefeituras em 2004.

Nós, do PSTU, continuamos financiando nossas campanhas eleitorais como sempre fizemos, com o apoio de trabalhadores e jovens, que compram nossas rifas, participam de nossas festas, contribuem com o que podem. Isso era assim também no começo do PT. A venda das estrelinhas do partido ajudavam a financiar suas campanhas eleitorais. Mas já há muito tempo já que as correntes do PT aceitam dinheiro das empresas, que depois cobram seus favores do governo eleito, que se transforma em cúmplice e refém dessas empresas na corrupção.

O PSTU faz campanhas eleitorais pobres em finanças, mas ricas em posições e propostas. Podemos criticar o governo e votar de acordo com nosso programa, porque não temos compromisso nem com as empresas nem com a corrupção.

De eleição em eleição, a galinha enche o papo
O PT fez uma opção clara, de adaptação ao regime democrático-burguês, de colocar o eixo de suas atividades e preocupações nas eleições. Como no Brasil as eleições ocorrem a cada dois anos, quando terminava de participar em uma eleição, começava a preparar a seguinte. Em geral, tanto a Articulação como a esquerda petista têm essa mesma estratégia eleitoral, por terem a mesma base material: os cargos. Como essas correntes são dirigidas por parlamentares ou assessores de parlamentares (e de prefeituras, governos estaduais e federal), a preocupação material desses dirigentes é a mesma: como manter cargos, salários, privilégios.

Infelizmente o P-SOL, partido recém-formado e dirigido por parlamentares, tem a mesma estratégia eleitoral. Sua formação tem como centro o lançamento de Heloísa Helena para presidente. Não se diferencia em nada da estratégia adotada pelo PT (“Feliz 94”, depois “Feliz 98”, “Feliz 2002”). Sem nenhuma intenção de fazer piada sobre o tema, esta estratégia não trouxe felicidade para ninguém. Agora o P-SOL mais uma vez privilegia a luta institucional pela CPI, deixando de lado a ação direta de luta das massas contra a corrupção e a política econômica.

O PSTU, ao contrário, afirma que só a luta pode mudar a vida. Para nós, as eleições são secundárias, totalmente subordinadas à nossa estratégia que é a organização e a luta dos trabalhadores para realizar as transformações revolucionárias que precisamos. Participamos das eleições com esse objetivo. As eleições burguesas dão nisso que está aí, na mesma política econômica neoliberal, na mesma corrupção. Se essa crise for conduzida para as eleições de 2006, novamente vamos ver a vitória do PT ou do PSDB e PFL, com a continuidade de tudo que está aí. Por isso, não podemos ter também nenhuma confiança na CPI desse Congresso corrupto!

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