Uma caravana de trabalhadores segue nesta terça-feira, dia 3, para Brasília para pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a interferir nas 4.270 demissões anunciadas pela Embraer.

A mobilização está sendo organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e pela Conlutas e foi aprovada em assembleia realizada hoje entre os demitidos da Embraer. Os ônibus saíram por volta das 15h30 da sede do Sindicato e devem chegar a Brasília na quarta-feira, às 9h.

Em Brasília, os trabalhadores serão divididos em três comissões, que seguirão para o Palácio do Planalto, Senado e Câmara dos Deputados. Do presidente Lula, serão cobradas medidas concretas para cancelar definitivamente as demissões na Embraer. O Sindicato também reivindica a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e estabilidade no emprego.

No mesmo dia em que a empresa anunciou os cortes, em 19 de fevereiro, o presidente do Sindicato Adilson dos Santos foi a Brasília para tentar, sem sucesso, ser recebido pelo presidente Lula. Uma semana depois, Lula recebeu o presidente da Embraer, Frederico Curado, mas não fez qualquer menção para que a empresa readmitisse os trabalhadores.

“Tão importante quanto as ações na Justiça, são as mobilizações dos trabalhadores. Nossa ida a Brasília é fundamental para que a Embraer reverta as demissões. Temos de ir pra rua e exigir um posicionamento claro e urgente do presidente Lula em favor dos demitidos. Se ele ouviu a empresa, agora tem a obrigação de ouvir os trabalhadores”, afirma Adilson dos Santos.

Ministério Público propôs reintegração
O Ministério Público do Trabalho propôs a reintegração imediata dos 4.270 trabalhadores demitidos da Embraer e a abertura de negociação entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. A proposta foi feita pelo procurador do Trabalho Roberto Pinto Ribeiro, em audiência de conciliação realizada nesta segunda-feira, dia 2, no MPT, em São José dos Campos.

A Embraer, entretanto, se recusou a atender a proposta e rejeitou qualquer negociação com o Sindicato. O procurador Roberto Pinto Ribeiro solicitou que a Embraer apresentasse provas documentais de que havia tentado negociar com o Sindicato antes de promover as demissões. Entretanto, como esta tentativa não existiu, a empresa não apresentou os documentos. Já os representantes do Sindicato apresentaram as quatro cartas enviadas à empresa, entre novembro e fevereiro, solicitando agendamento de negociação.

“Assim como o TRT, o Ministério Público reconheceu a necessidade da empresa em cancelar as demissões. A audiência mostrou também que a Embraer mantém sua postura arbitrária de desrespeito aos trabalhadores e à organização sindical”, afirma o secretário-geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates.

Caravana para Campinas
A mesma caravana que vai a Brasília seguirá para Campinas para acompanhar a audiência de conciliação, no TRT, entre a Embraer e o Sindicato dos Metalúrgicos. Os manifestantes irão se unir a uma segunda caravana que sairá de São José dos Campos, às 6h, para Campinas.

Na audiência da próxima quinta-feira, será discutida a ação ajuizada pela Conlutas e pelos Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos e de Botucatu, pedindo a anulação das demissões.