Estado brasileiro reconhece perseguição e se desculpa pelos atos cometidos contra trabalhadores durante a ditadura militar

A 91ª Caravana da Anistia esteve em Santos entre 16 e 20 de novembro para julgar os requerimentos dos anistiandos que buscavam reparação moral e financeira pela perseguição e monitoramento a que foram vítimas pelo aparelho repressivo de Estado (com total conivência do empresariado) instalado no Brasil após o golpe de 1964. A vitória pela conquista de mais 52 companheiros anistiados, além do aspecto indenizatório e reconhecimento pela perseguição, é importante também por resgatar, preservar e divulgar a memória da luta política da classe trabalhadora brasileira pela democracia.

A Caravana chegou a Santos através do esforço conjunto da AMA A ABC – Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC, AAPMBS – Associação dos Anistiados Políticos Metalúrgicos da Baixada Santista e da Associação dos ex-militantes da Convergência Socialista. Os companheiros anistiados estão relacionados a processos analisados por participações em greves e demissões arbitrárias na Volkswagen e Ford (nas grandes greves de 1978, 1979 e 1980, na greve da Operação Vaca Brava em 1985 e da Operação Cambalacho em 1986), Mercedes Benz, Cosipa e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Medo de Santos e o Navio Prisão Raul Soares
Santos, que era conhecida como Cidade Vermelha, devido à forte organização dos trabalhadores e a constante realização de greves. Os sindicatos da região, particularmente, foram alvo dos interventores da ditadura. E, aumentando ainda mais a repressão, o Regime Militar fez aportar no canal do Estuário o navio-prisão Raul Soares, que também veio suprir a falta de presídios na cidade. O Raul Soares era temido pela prática de torturas e simbolizava uma agressão psicológica, uma forma de atingir o orgulho santista. Esses assuntos foram muito comentados.

No fim da Caravana a Marcha da Periferia
Foi marcante a presença de jovens acompanhando o trabalho da Caravana,  além de representantes do movimento Mães de Maio – familiares das vítimas de violência policial em 2006.

Na sexta-feira (20/11), após a atuação da Comissão de Anistia no Ginásio Esportivo da Zona Noroeste, jovens se reuniram em frente ao local para a Marcha da Periferia. Com faixas em punho, pelo menos 20 pessoas marcharam até as proximidades do Cemitério da Areia Branca, contra, principalmente, “o genocídio da população negra na favela, a mando do Estado”.