Não foram só os petistas que receberam dinheiro das petroleiras. Segundo a Justiça eleitoral, candidatos do partido receberam recursos até de empresas que participaram da oitava rodadaNas décadas de 40 e 50, os comunistas aliaram-se a setores nacionalistas na defesa da campanha “O Petróleo é Nosso”, contra a presença estrangeira na exploração do petróleo. A mobilização culminou na lei que garantia o monopólio estatal da exploração, e no surgimento da Petrobras. Hoje, porém, o PCdoB estão à frente da entrega das nossas riquezas.

Desde janeiro de 2005, o dirigente do PCdoB Haroldo Lima ocupa o cargo de diretor geral da ANP, órgão responsável pela regulamentação do setor no país. Longe de provocar algum tipo de temor, seu nome foi indicado por Lula sob as bênçãos da indústria de infra-estrutura e petróleo do Brasil. “Ele tem todas as condições de desempenhar um bom trabalho frente à ANP”, declarou na época o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e da Indústria de Base, Paulo Godoy. Foi sob sua supervisão que o governo Lula realizou a sétima rodada de concessão de poços petrolíferos.

Embora Lula tenha afirmado em 2003 que realizaria a 5ª Rodada de Licitação apenas porque a venda já havia sido definida no governo FHC, sua gestão deu seqüência e aprofundou ainda mais a privatização e desnacionalização das reservas de gás e petróleo.

O presidente da ANP defende de forma entusiástica os leilões, sob o estranho argumento de que a venda das reservas era a única forma de o país manter a auto-suficiência em petróleo. Lima também defende a participação das multinacionais estrangeiras na exploração do petróleo. “As empresas estrangeiras vieram para o país, a maioria em associação com a própria Petrobras, fortalecendo ainda mais a estatal. Hoje nós temos 57 empresas concessionárias da ANP atuando em exploração e produção no Brasil, a maioria internacionais”, afirmou orgulhoso à Radiobrás.

Quem paga a conta…
A política do PCdoB para o setor pode parecer estranha em um primeiro momento. No entanto, observando os financiadores do partido nas últimas eleições, pode-se obter algumas explicações para a “flexibilização” ideológica sofrida pelo partido nos últimos anos.

O grupo Ipiranga, maior rede privada de combustíveis do Brasil, através da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga financiou os principais candidatos do PCdoB na campanha de 2006. Na prestação de contas dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral, consta o repasse de R$ 60 mil à então candidata do partido ao Senado pelo Rio, Jandira Feghali. O pagamento teria sido realizado em duas parcelas de R$ 30 mil, uma em agosto, outra em setembro.

Já o atual presidente da Câmara dos Deputados e então candidato à reeleição, Aldo Rebelo (SP), recebeu R$ 30 mil da Ipiranga em setembro. A empresa declara ter gasto nada menos que R$ 2,58 milhões nas eleições. As doações também foram para PSDB, PFL, PDT, PT, PTB e PMDB.

Parecem valores modestos para uma empresa que lucrou R$ 136 milhões só no terceiro trimestre de 2006, porém tais repasses constituem apenas o que está registrado na prestação de contas do TSE referente às doações aos candidatos. Os partidos estabelecem uma intricada rede de financiamentos, de comitês regionais a candidatos, tornando praticamente impossível a averiguação de todo o montante de recursos doados.

Ainda na prestação de contas, a empresa Braskem SA, braço na área petrolífera do megagrupo Odebrecht, apesar de ter concentrado suas doações a candidatos petistas, aparece como doadora da campanha de Jamil Murad (PCdoB-SP), com R$ 40 mil, e da estreante Manuela D’ávila (PCdoB-RS), com R$ 10 mil. A Odebrecht participou da 8ª Rodada da ANP.

Já o estaleiro Brasfels, controlado pelo grupo Feals Setal de Cingapura, não teve medo de demonstrar sua preferência pelos candidatos do partido. O estaleiro, que participa de licitações para a construção de navios e plataformas de exploração, distribuiu R$ 170 mil a candidatos do partido do Distrito Federal, São Paulo e, principalmente, Rio de Janeiro.

Denúncias contra o PCdoB
Ao que parece, não é só através das eleições que o PCdoB toma sua parte na socialização dos recursos das indústrias petroleiras. Matéria publicada no dia 9 de abril deste ano no jornal Correio Braziliense denunciou como o PCdoB teria se utilizado da estrutura da ANP para arrecadar fundos ao partido, por meio das empresas que a agência deveria fiscalizar.

Segundo a reportagem, o chefe do gabinete da ANP, Edson Silva, também do PCdoB, seria o responsável por vender entradas de jantares do partido para empresários do setor de combustíveis. Pelo menos 110 ingressos teriam sido vendidos ao preço de R$ 5 mil cada, contabilizando R$ 550 mil. Só o Sindicom, Sindicato Nacional de Distribuidores, que reúne empresas como BR, Ipiranga, Esso, Texaco e Shell, teria comprado 40 ingressos. Haroldo Lima e Edson Silva disseram que processariam os jornalistas por “calúnia, difamação e injúria”.

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