Em discurso, um dos principais candidatos democratas, Barack Obama ameaça o Paquistão e mostra a verdadeira face pró-guerra dos democratasO ódio a Bush espalha-se em todo o mundo como rastilho de pólvora. Uma recente pesquisa mostra que a população latino-americana é esmagadoramente anti-Bush. Os discursos de Chávez, chamando o presidente norte-americano de demônio que cheira a enxofre, causam entusiasmo nos ativistas. Não é para menos. Desde as invasões do Afeganistão e do Iraque, justificadas pela necessidade de combater terroristas desumanos que matam friamente cidadãos norte-americanos indefesos, como teria ocorrido naquele 11 de setembro, a política do mais poderoso país imperialista do mundo vem causando uma rejeição cada vez maior.

Estaria o fim dessa política próximo? Afinal, o Partido Democrata dos Estados Unidos é o franco favorito para ganhar a eleição presidencial que ocorrerá em 2008. Mas essa parece não ser a verdade, apesar das críticas à guerra do Iraque, de caráter puramente eleitoral, desferidas pelos candidatos democratas às primárias daquele partido contra Bush.

Num discurso em 1° de agosto, um dos principais candidatos democratas, o senador Barack Obama lançou uma ameaça ao presidente paquistanês Pervez Musharraf, dizendo que invadiria o Paquistão unilateralmente se ele falhasse na ação contra os extremistas islâmicos de seu país.

“Se eu for presidente”, ele disse ao público do Centro Woodrow Wilson, “nós faremos a guerra que tem que ser ganha. O primeiro passo será sair da guerra errada do Iraque e lutar contra os terroristas no Afeganistão e no Paquistão”. Tenta, assim, convencer os eleitores que não descuidará da guerra aos terroristas, apesar de sua oposição à invasão do Iraque.

Para concretizar sua política, disse que enviaria pelo menos mais duas brigadas – 7.000 soldados – ao Afeganistão e condicionaria a ajuda econômica ao governo paquistanês ao sucesso no combate aos campos de treinamento terrorista localizados no Paquistão para impedir o Taliban de utilizar seu território.

Assim, para esse candidato a imperador, Bush entrou na guerra errada e, por isso, está perdendo. Ele não, fará a guerra certa. Invadirá o Paquistão onde, por algum motivo milagroso, a população daquele país aceitará a ocupação passivamente sem oferecer resistência e ele ganhará sua guerra, levando novamente os Estados Unidos à condição de guardião universal do “povo americano ou nossos interesses vitais”. Leia-se dos interesses imperialistas. Ou, então, aumentará a presença norte-americana no Afeganistão. Ingleses e russos já demonstraram que essa não é, igualmente, uma guerra fácil de ganhar.

Sua declaração não passou em branco. Foi criticado pelos demais candidatos democratas às primárias, aos quais respondeu que “com aquele voto (de apoio à invasão do Iraque), o Congresso tornou-se co-autor de uma guerra catastrófica”, referindo-se indiretamente à sua principal concorrente, Hillary Clinton.

Para demonstrar toda sua tenacidade na guerra ao terror, mas sem defender uma nova invasão, Hillary Clinton, a líder das pesquisas eleitorais, disse que, se houvesse comprovação da presença de Osama bin Laden ou outro terrorista famoso no Paquistão, “iria assegurar-me que fossem procurados vivos ou mortos”, completando que há muito tempo é favorável ao envio de mais soldados ao Afeganistão.

Os outros candidatos, de forma mais ou menos cínica, responderam no mesmo tom. “É perigoso e irresponsável deixar a impressão que os EUA iriam desnecessária e publicamente provocar uma potência nuclear”, disse o Senador Christopher Dodd, referindo-se às bombas atômicas do Paquistão. Já o senador Joseph Biden afirmou que “o caminho para tratar com isso não é anunciar, mas fazer. A última coisa a fazer é telegrafar aos paquistaneses que nós estaríamos prestes a violar sua soberania”.

Para tais democratas, o problema, portanto, não é acabar com a soberania de algum país e invadi-lo, mas fazê-lo de forma a garantir sua vitória, custe o que custar ao outro povo.

Candidatos democratas não são melhores que republicanos, mesmo sendo negros ou mulheres
Contrariando as esperanças de grande parte da mídia e dos mentores do “socialismo do século XXI”, como Chávez, os EUA sob o comando democrata não será em nada diferente que sob Bush, a não ser em aspectos táticos. A política expansionista de recolonização do mundo, disfarçada pela guerra ao terror, continuará e poderá ser agravada se uma nova crise econômica mundial estourar, como parecem demonstrar as recorrentes quedas nas bolsas de valores ultimamente.

Tampouco é correta a esperança de milhões de eleitores negros ou mulheres de que, se votarem num candidato negro, Obama, ou mulher, Hillary Clinton, poderão virar uma página de opressão e preconceitos na história norte-americana e caminhar em busca da igualdade sexual e racial.

Acima da condição de oprimidos destes dois candidatos está sua condição de burgueses imperialistas. Eles tudo farão para defender os interesses de sua classe, mesmo que para isso tenham que oprimir e explorar seus irmãos de cor ou de gênero.

A única saída para os trabalhadores norte-americanos, imigrantes, mulheres e negros é deixar de confiar nos candidatos burgueses de uma ou outra facção e construir um partido independente dos patrões, não para ganhar eleições, mas para fazer a revolução socialista do maior proletariado do mundo.

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