Os trabalhadores da construção civil de Fortaleza (CE) estão em campanha salarial desde dezembro de 2008. Mesmo com a campanha ainda em curso, a primeira vitória, mesmo que parcial, já foi conseguida.

A crise econômica ainda não apresentou todas suas armas na categoria na capital cearense como no resto do país. Porém os empresários apresentaram, logo nas primeiras rodadas de negociação, um conjunto de medidas que podem ser consideradas como um verdadeiro programa patronal para enfrentar a recessão que se avizinha no setor. Entre essas medidas, estava a implantação de uma câmara de compensação de horas ou, para ser mais claro, banco de horas.

Essa não é a primeira vez que os empresários da construção civil de Fortaleza tentam implementar o banco de horas. Por mais de uma vez, os trabalhadores fizeram greve para derrotar os interesses patronais de aumentar os níveis de exploração. Como era de se esperar, foi só o tema voltar à tona, para que um verdadeiro clima de guerra se instalasse entre os operários.

Em 26 de fevereiro, uma assembléia com mais de mil operários mandou um recado aos patrões: ou sai o banco de horas das negociações ou mais uma vez vai ter “pão com rapadura”, slogan da greve. Diante do avanço da patronal, que chegou a apresentar uma proposta de cláusula ao contrato coletivo de trabalho explicitando o modo como funcionaria o banco de horas, no dia 5 de março, cerca de 700 operários atrasaram em duas horas a saída dos ônibus do ponto de apoio para diversas obras espalhadas na cidade.

No último dia 12 de março, mais de mil trabalhadores de oito canteiros de obras diferentes paralisaram por mais duas horas suas atividades, demonstrando a unidade e a disposição de luta da categoria. Foi assim que, na última rodada de negociações, o banco de horas caiu fora da mesa de negociação, sendo substituído pela manobra do “contrato a tempo parcial”.

Essa sem dúvida já é uma grande primeira vitória, mas não é possível baixar a guarda. A mudança da patronal expressa uma reação ao repúdio generalizado ao banco de horas, mas não deixa de lado a tentativa de aumentar o nível de exploração arrancando direitos dos operários. Isso, com certeza, não será tolerado por uma categoria educada em vinte anos de lutas e resistência.

Segue a batalha por limpar a pauta dos ataques dos empresários, permitindo assim aos trabalhadores retomar o debate sobre aumento real de salários, jornada de trabalho, participação nos lucros e resultados, entre tantos outros assuntos.

O PSTU, junto com a Conlutas, esteve presente em todas as atividades da categoria e estará prestando todo o apoio possível e necessário à luta dos trabalhadores da construção civil, apontando a necessidade da unificação das lutas dos trabalhadores e construindo um grande dia de luta e paralisação no 1º de abril.

Para entender:

  • pão com rapadura: alimentação dos operários toda vez que há uma greve em Fortaleza.
  • ponto de apoio: praça onde 19 ônibus vindo de vários bairros operários fazem a baldeação rumo a diversos canteiros de obras da cidade.