George Bezerra, de Fortaleza (CE)

Se o salário não aumentar, os canteiros vão parar!A campanha salarial dos operários da construção civil de Fortaleza está entrando no seu terceiro mês. Os trabalhadores exigem aumento de 22% no piso dos profissionais (pedreiro, marceneiro, carpinteiro, ferreiro, eletricista, bombeiro e pintor) e reajuste de 14% nos demais pisos (servente, meio-profissional, encarregado de setor e mestre de obra). Também está em pauta a luta por cesta básica, plano de saúde, aumento da PLR de 80% para 100% e feriado do dia do trabalhador da construção civil.

Do lado patronal, só intransigência. Na primeira mesa de negociação, numa demonstração de desrespeito diante da pauta de reivindicações dos operários, o sindicato patronal perguntou se a categoria estava vivendo em outro país. Após cinco rodadas, os empresários estão oferecendo reajustes ridículos, divididos em duas vezes. Uma verdadeira provocação. Sobre outros pontos, os patrões só aceitam discutí-los caso o sindicato concorde com o banco de horas na categoria.

A proposta da patronal soou como um verdadeiro insulto. Os empresários obtiveram um lucro de 10,22% em 2006 devido aos incentivos que Lula concedeu para a construção civil. Em 2007, por conta do PAC, espera-se um crescimento ainda maior. Para se ter uma idéia de como as construtoras estão nadando em rios de dinheiro, basta falar que o setor foi o carro-chefe do bom desempenho industrial do estado e o segundo maior do Brasil. Porém, os empresários só aceitam repartir os prejuízos com os peões. Os lucros, não.

Em reposta, 800 trabalhadores reunidos na última assembléia recusaram a proposta patronal e aprovaram um plano de lutas. No dia 28 de fevereiro, 800 trabalhadores de trinta canteiros de obras fizeram uma paralisação de duas horas no terminal de ônibus da categoria e só deixaram os veículos saírem para os canteiros após o término do protesto. Foi uma primeira resposta para os patrões sentirem o peso da mão do operariado.

O clima está tenso nos canteiros de obra. Existe muita disposição de luta na base e já se fala em greve. No dia 8 de março, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e a Conlutas estão organizando uma grande passeata da categoria em conjunto com as oposições, entidades e organizações ligadas à Conlutas e à Conlute, no bairro da Aldeota, o mais rico da cidade. A expectativa é de 1.500 operários nas ruas. Neste dia, vamos dizer um não aos patrões da construção civil, às reformas de Lula, à opressão e à violência contra a mulher e à vinda de Bush ao Brasil.
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