O desenvolvimento da campanha salarial dos operários da construção civil da região metropolitana de Fortaleza não pára de surpreender. No último dia 8 – Dia Internacional da Mulher e momento da visita de Bush ao Brasil –, mais de mil trabalhadores ganharam as ruas e deram mais um recado aos patrões: sem o atendimento das reivindicações, 2007 promete ser o ano de uma das mais poderosas greves da história da categoria.

Os primeiros operários começaram a chegar à praça Portugal, no bairro Aldeota (Fortaleza), antes das 18h. Aproximadamente 15 ônibus, vindos de vários distintos canteiros de obra, foram chegando e ocupando todos os espaços ao redor da praça. Em meia hora, a manifestação ganhou as ruas da capital cearense. É evidente que a defesa da pauta da campanha salarial foi o carro-chefe da mobilização.

Paralelamente, contudo, a manifestação assumiu um caráter nitidamente antiimperialista, contra a presença do presidente norte-americano no Brasil, realçando também a expressão classista do dia da mulher trabalhadora. O ato de encerramento, na praça da Imprensa, reforçou o caráter classista e antiimperialista que marcou toda a atividade.

O brilho e a força da passeata operária foram avivados pela presença de dezenas de ativistas da juventude secundarista e universitária, bem como de representantes de diversos sindicatos e oposições. A Conlutas se fez presente e utilizou a palavra para salientar a necessidade de fortalecer o Encontro Nacional Contra as Reformas Neoliberais, no dia 25.

No dia seguinte à grande caminhada organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, a patronal esteve mais tímida na mesa de negociação, demonstrando que só uma ação combativa da categoria pode dobrar a intransigência dos patrões. O operariado quer muito mais! Além de aprovar o estado de greve, no dia 22 se dará a próxima assembléia, onde poderão ser aprovadas medidas de luta muito mais contundentes, inclusive uma indicação rumo à greve.
Post author Fábio José, de Fortaleza (CE)
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