PSTU-SP

Corrupção, disputas internas e externas se entrelaçam em 2018 e transformam São Paulo no último alvo da burguesia.

Dois dias após o Natal, prestes a virar para a madrugada, a ALESP (Assembleia Legislativa de São Paulo) seguia a todo o vapor. Deputados discutiam acaloradamente o respectivo projeto de lei de cada um e a forma mais segura de aprová-lo, no famoso “apoia o meu que eu apoio o seu”, ação típica do espaço legislativo. Isso porque os projetos são votados em pacotes, e não um por um – daí o PL da “segunda sem carne”, que proíbe lei órgãos do estado, como escolas, oferecerem carne as segundas, ter sido aprovado praticamente por unanimidade.

Por que os projetos demoraram tanto a serem aprovados? O motivo é mais simples do que parece: a falta de consenso sobre o que encaminhar ou não com o orçamento de 2018 em São Paulo.

A gordura está acabando…
Conforme foi explicado em artigo anterior, São Paulo não quebrou ainda não por causa de sua gestão “responsável”, como adora bradar Alckmin e companhia limitada. Ele só não chegou ao nível de outros estados devido ao fato de, como é o estado mais rico da federação, ter muito mais patrimônio acumulado.

Contudo, como tratado no artigo anterior, essa “gordura” já estava sendo queimada desde começo do ano a passos largos. A SABESP, por exemplo, uma das maiores estatais do governo, já está na gestão da iniciativa privada. Outros patrimônios, como os parques estaduais, transporte, entre outros, também foram entregues aos tubarões do mercado.

Diante disso, o que faz o governo do estado? Basicamente ele “copia” o pacotão de maldades criado em outros estados através do PL 920/2017.

Esse PL permite ao governo congelar por dois anos os salários de todos servidores estaduais. Mais do que isso: ele autoriza o congelamento em diversos setores como educação, saúde, transporte, entre outros bens necessários para as trabalhadoras e trabalhadores.

Mesmo tendo pouca repercussão, a reação ao PL dentre os próprios parlamentares foi contraditória, a ponto do líder do PSDB, o deputado Barros Munhóz, classificar o projeto em pleno plenário como a coisa “mais burra já enviada a essa casa que já vi na vida”, enquanto expunha os pontos copiados do PL aprovado na Assembléia de Minas Gerais. Contudo essa “oposição” durou até dezembro, quando o projeto foi afinal votado às pressas para o encaminhamento geral de outras comissões e projetos.

Por que esse desespero? Ora, 2018, como já mencionado, é ano eleitoral. Como ficam as promessas, por exemplo, dos deputados da chamada bancada da “bala” sem entregar um ponto de reajuste sequer à Polícia Militar, que já está amplamente precarizada em outros estados que votaram esse PL, com direito a greve da PM de Minas, estado que inspirou o corte em São Paulo?

…e a corrupção só aparece
Somado a todos esses fatos, explosivos para o andamento “normal” do puxadinho favorito da burguesia, explode no final do ano mais uma página da Lava Jato, expondo dessa vez os podres do governo estadual. Segundo denúncias, de 2001 a 2014, o governo do estado teria desviado verba de todas as linhas a serem construídas do metrô. Além disso, volumosas quantias de dinheiro para a campanha de Alckmin teriam saído da SABESP e das obras da Linha 6-laranja, que ligariam parte da região norte (uma das mais precárias da cidade em termos de transporte) ao centro.

Surfando no desgaste, o PT e outros partidos da “esquerda” passaram a impedir qualquer votação do estado de ser concluída rapidamente, pedindo mais provas e outros pontos faltosos nos relatórios. Porém esse teatro não convence. Não só o PT se afunda junto na lama de corrupção – afinal são as mesmas empresas que beneficiam ambos os partidos – como no final sentou e negociou junto os Projetos de Lei a serem aprovados. Além disso, a intenção do PT não engana sequer aqueles que não acompanham política: é fortalecer a campanha de Lula 2018 apontando-o como a antítese de Alckmin. Mas afinal, ambos não estão envolvidos no mesmo escândalo? Alckmin já não governou com Haddad na prefeitura da cidade, e ambos tiveram consenso pleno em aumentar as tarifas e oprimir a juventude e a classe trabalhadora? O PL 920 não foi copiado do PL de Minas? Quem governa esse estado não é o PT, que também não dá reajuste aos professores há anos?

Não pagaremos a conta! Fora Todos Eles!
Aqui, nos valemos da máxima de Marx: “a prática é o critério da verdade”. Por mais que no discurso ambos falem como se fossem polos opostos, na prática não vemos isso. Vemos sim ambos os partidos dispostos a negociar entre si para bem comum de suas campanhas e bolsos. Bolsos sim, porque argumentar que não há mais dinheiro, como falou Alckmin em recente entrevista na televisão e ao final ficou sem resposta diante da insatisfação da repórter, é ignorar o volume do nosso dinheiro que vai para encher o bolso dessa canalhada que só quer nosso suor. Só em seus jantares com sua base do Congresso, Temer chegou a gastar 35 mil dos cofres públicos! Ora, que falta de dinheiro é esse, que corta a carne da mesa do trabalhador enquanto financia banquetes caríssimos em Brasília?

O que ocorre Brasil afora e agora ocorrerá em São Paulo não tem só um culpado, porque são todos que se beneficiaram de obras milionárias e do arrocho de diversas categorias. Muitos argumentam que, diante da perspectiva, o PT seria o “menos pior”, e mais, de que todas as investigações acerca do Lula são um “ódio” contra um pobre metalúrgico que teria salvado o país. Primeiro que de “menos pior” para “menos pior”, chegamos onde chegamos. Foi essa a grande campanha de Dilma contra uma suposta iminência da vitória de Aécio, e por mais que boa parte da militância – inclusive a honesta – do PT esqueçade mencionar, o governo de Dilma atacou os trabalhadores com força. Basta lembrar que o PPE, Plano de Proteção ao Emprego, que permitia ao patrão reduzir a jornada de trabalho conforme à “dificuldade” da empresa, foi lançado por Dilma e serviu de piloto à reforma trabalhista do governo Temer.

Segundo, ora, se Lula é ladrão, Temer é ladrão e Alckmin também, o certo não seria prender os dois, ao invés de lutar para só um ser preso? Se a Lava Jato é seletiva, então combateremos a seletividade dela com mais seletividade? Afinal, a quem serve um sistema que há anos reelege Sarney’s, Antônio’s Carlos Magalhães, Neves e Alckmin, que acumulam nas costas casos e mais casos de corrupção e permanecem infinitamente no poder – como o caso de Curiatti (PP), deputado na ALESP há 8 mandatos (32 anos como deputado)?

Sem dúvida não é a nós. A nós, eles esperam que aceitemos calados mais arrochos, menos qualidade em um serviço cada vez mais caro, como o aumento para R$ 4 na tarifa em São Paulo. Chega a ser escrachada a forma como esses parasitas, representantes do pior da burguesia, vivem cada vez em mais conforto enquanto a população tem cada vez menos acesso. Hoje a cidade já amanheceu com avenidas bloqueadas em fúria contra esse aumento feito na surdina, e dia 11 estaremos em peso nas ruas de São Paulo contra Alckmin e seu prefeito playboy, que não tem noção alguma da nossa realidade!

Essa corja, que não para de dar mostras que é incapaz de qualquer empatia, que só quer saber do seu bolso e não para de afundar nossas vidas poço abaixo precisa sair, e se não for por bem, então que façamos sair na marra!

Se somos nós que produzimos tudo isso, não somos nós que precisamos escolher quem vai estalar o chicote nas nossas costas cada vez com mais força seguindo as regras do “mercado”. E sim nós que temos que governar não só São Paulo, mais o Brasil e o Mundo. Precisamos é de uma revolução socialista, que ponha os trabalhadores de verdade no poder e destrone essa burguesia parasita! Fora Todos Eles!