Em todo o país, o PSTU utiliza seu curtíssimo espaço na TV e no rádio para divulgar e apoiar greves e outras lutas. Exemplo recente vem de Belém, onde os trabalhadores da construção civil sacudiram a cidade durante 15 diasHá muito tempo não se via tanta gente de uma só categoria tomar as ruas de Belém. A greve na construção civil, iniciada em 18 de agosto, chegou a reunir de quatro a cinco mil manifestantes. Durante dias o movimento foi capa de jornais e centro das matérias nas televisões, que, obviamente, não demonstraram nenhuma simpatia pelos grevistas.

O PSTU – que tem como candidato a prefeito Atenágoras Lopes, presidente licenciado do Sindicato da Construção Civil – não hesitou em dedicar seus programas na TV (de apenas 1,25 min) a essa luta. Levamos à televisão o presidente do sindicato e militante do PSTU, Cleber Rabelo, que foi preso num piquete, a mando da polícia estadual de Simão Jatene, do PSDB. A prisão causou grande comoção entre os trabalhadores, que cercaram a delegacia e só saíram de lá quando Cleber foi solto, provocando uma das mais animadas manifestações do movimento.

Desde o início da greve, Atenágoras se incorporou ao comando de greve e nossa campanha passou a girar em torno do apoio a essa luta. Sua agenda diária começava às 5h da manhã, nos canteiros de obras; depois seguia nas passeatas. Por volta das 14h, voltava ao sindicato, para organizar uma feijoada para centenas de ativistas.

Apoio fundamental

Como muitos companheiros comentavam, o apoio do PSTU, seu programa de TV e a estrutura de campanha foram fundamentais para o desenvolvimento da greve, que desde o início sofreu ataques pesados da patronal, do estado e da prefeitura, dirigida pelo petista Edmilson Rodrigues.

A prefeitura e o PT cumpriram um papel particularmente nefasto. Nenhum de seus candidatos, a começar por Ana Júlia, que concorre à sucessão de Edmilson, sequer citou o movimento em seus mais de seis minutos de programa eleitoral. Nos panfletos, nenhuma palavra. Na verdade, os que os petistas fizeram foi jogar pesado contra o movimento, visto como um obstáculo para seu projeto eleitoreiro, na medida em que paralisava não somente as obras privadas como também as públicas.

Como em São Paulo e no país afora, Belém, às vésperas da eleição, virou um canteiro de obras eleitoreiras. Temendo um atraso na entrega de suas construções, a prefeitura fez o que pode para impedir a paralisação dos trabalhadores, ameaçando-os de demissão e utilizando sua militância para tentar conter o movimento.

Apesar de tudo, o movimento chegou a contar com a adesão de 70% da categoria, paralisando as principais obras e mexendo com toda a cidade. Passeatas com operários vinham de todas as partes e se unificavam no sindicato; no final da manhã saíam em “arrastões” parando aquelas que ainda resistiam à paralização.

Com o crescimento do movimento, também aumentou o cerco movido pelos patrões e seus aliados. A tropa de choque, fortemente armada, passou a monitorar as passeatas. A prefeitura petista fez mais uma investida criminosa, colocando a Guarda Municipal para reprimir violentamente os trabalhadores. A “Justiça” baixou uma liminar proibindo os piquetes e multando o sindicato em R$ 10 mil por obra, caso danificasse canteiros.

Os programas, o material e as atividades do PSTU eram quase os únicos porta-vozes da resistência dos trabalhadores. Outros apoios importantes vieram dos estudantes, que realizaram passeatas e atividades em apoio à greve e da Coordenação Estadual de Lutas (Celute), formada por cerca de dez entidades, como a Andes e a Unafisco, que fizeram arrecadação de alimentos e deram suporte financeiro para os grevistas.

Após 15 dias de greve, os patrões cortaram os dias parados e iniciaram as demissões. A categoria, então, analisou que deveria suspender a greve e entrar com dissídio coletivo, não aceitando a proposta do aumento de 6,33%. Mesmo não tendo arrancado os 20% requeridos, o sentimento nos operários é de vitória, pois peitaram seus opressores.

O recado não só foi dado, como os trabalhadores reconheceram no PSTU um instrumento para todas suas lutas, formando um comitê eleitoral de apoio às candidaturas de Atenágoras e Ailson, candidato a vereador da categoria.
Post author Elton Corrêa, de Belém (PA)
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