Conlutas envia segundo depósito, totalizando mais de R$ 163 mil em doações de trabalhadores e estudantesA campanha de solidariedade aos trabalhadores haitianos já pode ser considerada uma vitória. Essa é a avaliação da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), entidade que dirige a iniciativa. A Conlutas já fez a segunda remessa de dinheiro para a organização operária e popular do Haiti Batay Ouvriye (Batalha Operária). Desta vez, foram enviados R$ 58.728,90. Na primeira doação, a Conlutas havia enviado R$ 104.838,65. Ou seja, no total já foram enviados R$ 163.567,55.

Como a campanha não para, a entidade já anunciou que irá realizar um terceiro depósito nos próximos dias.

Nas fábricas…
Em cada assembleia operária onde foi realizada a campanha, os operários responderam com entusiasmo ao chamado a favor da solidariedade de classe e da mobilização pelo fim da ocupação militar no país.

Em São José dos Campos (SP), demonstrando consciência de classe e vibração, mais de 10 mil metalúrgicos da região aprovaram o desconto de 1% de seus salários para os trabalhadores haitianos. O auge da campanha foi a assembleia dos trabalhadores da General Motors, no dia 11, que aprovou a participação na campanha. O Sindicato dos Metalúrgicos estima que somente na montadora sejam arrecadados R$ 300 mil.
A campanha também teve forte adesão de metalúrgicos de outras fábricas como Hitachi, Bundy, Gerdau, Heatcraft, Trelleborg, Sobraer, Sopeçaero, Dovale, Pesola, Gomy e outras.

“O dinheiro arrecadado será entregue diretamente nas mãos dos trabalhadores por meio da Batay Ouvriye. Não vamos entregar nada às tropas militares ou ao governo. No decorrer da campanha faremos toda a prestação de contas à categoria”, declarou o presidente do sindicato, Vivaldo Moreira Araújo.

Como parte das iniciativas organizadas pela entidade, será realizado um debate no dia 5 sobre a situação do Haiti. A discussão será na sede do sindicato, às 18h30, e vai contar com a presença do chefe da delegação da Conlutas que esteve no Haiti em 2007, o ex-presidente do sindicato Antonio Donizete Ferreira, e do estudante da Unicamp Otávio Calegari, que estava no país no momento do terremoto.

…Canteiros de obras…
Outro momento significativo da campanha ocorreu em uma assembleia de operários da construção civil que constroem o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Miguez (Cenpes) da Petrobras, no Rio de Janeiro. Em greve desde o dia 9, os trabalhadores recolheram doações feitas na assembleia. Júlio Condaque, o Julinho, que faz parte do movimento Quilombo Raça e Classe, da Conlutas, apresentou a proposta na assembleia dos trabalhadores. “Foi muito bem aceita. Havia cerca de 500 pessoas e todos aplaudiram muito e depois contribuíram com a sacolinha”, afirmou. Julinho falou do salário miserável que os haitianos recebem, e de como o imperialismo pretende ocupar o país para explorar a mão de obra barata. Ele comparou com o salário pago aos operários da construção civil. Ao todo, a quantia recolhida foi pouco mais de R$ 250. Incluindo muitas moedas, até de dez centavos. “Se você tivesse avisado antes, eu teria trazido mais dinheiro. Vim só com o da passagem” , era o que muitos diziam, conta Julinho. “Muitos perguntaram quando a gente iria voltar, para trazer dinheiro”, conta.

…e universidades
O movimento estudantil também está com tudo na campanha de solidariedade aos trabalhadores haitianos. A Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel) é parte ativa do movimento e está recolhendo fundos que serão remetidos ao Haiti. A Anel já arrecadou contribuições no lançamento da campanha no Fórum Social Mundial (FSM) e continuará com arrecadação através da venda de camisetas nas universidades. O objetivo é aproveitar a semana da “calourada” para ampliar os recursos.

A Anel também está promovendo uma série de debates nas universidades como na Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Santo André. Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o debate será na semana de 8 a 12 de março. Na primeira semana de abril será realizada outra discussão na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudante Otávio Calegari, que também é da Anel, estará presente.

Além disso, a entidade está propondo que todas as universidades do país façam um projeto de intercâmbio e recebam universitários haitianos para que possam concluir seus estudos no Brasil e, ao retornarem, possam ajudar na reconstrução de seu país.

* com Conlutas
e sindmetalsjc.org.br
Post author Da redação*
Publication Date