Enquanto o governo “reajusta” em 0,1% os salários dos servidores federais e aprova um salário mínimo de ínfimos R$ 300, não há dinheiro que chegue para os gastos com os deputados. Como a promessa de Severino de aumentar os salários não pegou bem, a Câmara encontrou um jeitinho. Depois de decidir construir 80 novos gabinetes e de aumentar as verbas de gabinete, agora a Câmara aprovou a reforma dos apartamentos destinados aos deputados.

O montante autorizado para este ano foi de R$ 24 milhões para reformar seis blocos de 24 apartamentos cada.
O objetivo é oferecer imóveis em condições de uso a todos os 513 deputados. O mesmo valor será gasto em 2006 e 2007 para reformar seis blocos em cada ano. Ao final, terão sido gastos R$ 72 milhões para reformar 18 blocos de 24 imóveis, totalizando os atuais 432.

O argumento apresentado é de que as atuais instalações são “desconfortáveis”. Desses imóveis, apenas 207 estão ocupados. Os outros 225 estão sem condições de uso ou vazios por falta de interesse. Entretanto, apesar desse argumento por parte dos deputados, há casos de ex-deputados, como o ministro-chefe da Controladoria Geral da União, Waldir Pires, que ainda moram nos apartamentos.

Os 306 deputados que não vivem em apartamentos recebem auxílio-moradia no valor de R$ 3.000, que gastam em hotéis ou imóveis alugados. O gasto anual da Câmara é de R$ 11 milhões. Além disso, a Câmara gasta com cada imóvel vazio R$ 2.000 por mês, em condomínio, segurança e taxas.

Enquanto os deputados se queixam das “instalações desconfortáveis” e vivem em luxuosos hotéis e apartamentos pagos com o dinheiro público, 50 milhões de brasileiros vivem em situação de pobreza, sendo que aproximadamente metade desses vivem em favelas.