Correio Internacional: publicação da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI)A luta de classes começa a esquentar na Europa para grande alarme de governos que, ao mesmo tempo, provocam os trabalhadores com suas medidas. Praticamente todos os países vivem mobilizações operárias e populares que se radicalizam e se massificam em meio a uma crise que ataca o emprego e as conquistas operárias e empobrece amplos setores das camadas médias.

Entramos num período marcado por uma crise histórica do capitalismo que rompe todos os diques e por uma ebulição generalizada do movimento de massas. Uma crise que acelera o descrédito geral dos diferentes governos, depois de uma longa década de “prosperidade”.

ataque dos governos
Apesar dos altíssimos ganhos conseguidos nos últimos anos e das gigantescas ajudas atuais dos governos, as empresas começam a despejar o custo da crise sobre os trabalhadores. O principal ataque se expressa por meio de um grande aumento do desemprego, pelo bloqueio nas contratações e pelas demissões em massa. Estima-se que diariamente sejam perdidos 10 mil postos de trabalho. Na montadora Renault, foram anunciadas 6 mil demissões na França. A Nissan da Espanha pretende demitir 1.400. Outro setor muito afetado foi o da construção civil. Na Espanha, calcula-se que no final de 2009 cerca de 900 mil operários da construção fiquem sem trabalho.

Alguns governos também querem eliminar o “seguro-desemprego”. Com grande cinismo, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, chefe do Banco da Espanha, expressa que uma das causas do alto desemprego no país é seu “mercado de trabalho ineficiente”. Por isso, é preciso “levar a cabo reformas estruturais das instituições trabalhistas”, começando por reduzir ao mínimo o seguro-desemprego, hoje a cargo das empresas, e transferi-lo ao estado. Ainda que pareça incrível, para reduzir o desemprego, se deve baratear o custo da demissão das empresas, enquanto os governos seguem “ajudando” aquelas que demitem.

Aprofunda-se também o ataque aos níveis salariais e às condições de contratação, por meio dos “planos de viabilidade” para os trabalhadores que conservam seu emprego e os novos contratados. Esses planos já vinham sendo impulsionados pelas empresas, mas agora, aproveitando-se da crise, sua intensidade é redobrada. Eles são apresentados de modo hipócrita como “planos para salvar a fonte de trabalho”.

Paralelamente, desenvolvem-se ataques aos trabalhadores imigrantes que as burguesias utilizam para baratear os custos trabalhistas no período de ascensão econômica. Também começam as reduções dos orçamentos estatais para os serviços essenciais, como a educação e a saúde, que implicam em redução e congelamento salariais para os trabalhadores estatais e perda de milhares de postos de trabalho. É o que acontecerá com os professores precarizados na Itália, caso se aprove a reforma educativa proposta pelo governo Berlusconi.
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